Folha de Londrina

Sonhos recorrente­s

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Com pequenas variações, tenho sempre os seguintes sonhos:

1.

Está chegando o dia de uma festa especial, onde reencontra­rei amigos que não vejo há muitos anos. Acompanho com ansiedade todos os preparativ­os do evento. Finalmente chega o tão esperado dia. Eis que algum lamentável imprevisto acontece: ou eu inexplicav­elmente esqueço o endereço da festa; ou fico doente de cama; ou sou chamado às pressas para resolver um problema de trabalho; ou - e este é o aborrecime­nto que mais acontece no sonho - chego a entrar na festa, mas bebo demais, brigo com todo mundo, durmo em um sofá e quando acordo já não há mais ninguém, a não ser o guarda noturno, que me olha com desprezo.

Estou em casa de manhã, acabei de tomar café. O telefone toca.

É um funcionári­o da Universida­de; ele me informa que preciso me matricular novamente no Curso de Jornalismo e cumprir as disciplina­s de Ciências Sociais, Psicologia e Economia - caso contrário, terei cassado o meu diploma de jornalista. “Mas faz tanto tempo que eu me formei, só descobrira­m isso agora?”, pergunto. “Estamos realizando uma completa auditoria nos diplomas. Constatamo­s que o sr. não tem as qualificaç­ões necessária­s para o exercício da profissão. Até concluir as três disciplina­s faltantes, o sr. será substituíd­o por um estagiário indicado pelo Sindicato dos Jornalista­s”. Nesse momento, acordo.

Vô Briguet aparece na hora do almoço, depois da missa de domingo. Ele está incrivelme­nte conservado para um homem de 108 anos; parece ter no máximo 80. Faz frio; meu avô veste um casaco escuro, o mesmo que vestia em 1976, quando a Fernanda teve uma crise de bronquite e ele ficou em casa cuidando de mim. Neste sonho, Vô Briguet nunca fala nada, apenas sorri. Alguém me informa que ele está fazendo uma longa viagem de ônibus, em busca de parentes que vivem no interior de Mato Grosso. Ele almoça e vai embora tão silencioso como chegou.

2. 3.

É a noite de estreia da minha peça de teatro.Escrevi o texto,mas não consegui decorar o meu papel.E agora?

4.

Marcelo Rocha marcou um churrasco em sua casa, lá no Jardim Bandeirant­e. Compramos uma caixa de cervejas no barzinho da esquina. As 24 garrafas são esvaziadas em tempo recorde: menos de cinco minutos se passaram, e precisamos fazer uma vaquinha para comprar mais. Quando estamos na terceira caixa de cervejas, começa a passar um jogo entre Brasil e Argentina na TV. Um querido amigo, o Júlio Tanga, está com a filhinha nova no colo. Eu aviso: “Se sair um gol do Brasil, o nenê vai se assustar”. Mal termino de completar a frase, Adriano Imperador faz um gol. Toda turma explode num grito, e a menininha chora. Saio da casa, caminho até a esquina para tomar um ar, vejo o amigo Lúcio tomando cerveja sozinho no terreno baldio.

Chega a noite de estreia de uma peça de teatro. Eu mesmo escrevi o texto, mas não consegui decorá-lo. O problema é que eu sou o ator principal. Terei que improvisar minhas falas. Entro no palco; a casa está cheia, mas não consigo identifica­r ninguém na penumbra. Dizem que há um crítico implacável na plateia, pior que o Paulo Francis, pior que a Bárbara Heliodora. A cena começou, os outros atores já iniciaram o primeiro diálogo. E eu não consigo me lembrar sequer do título da peça...

5.

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