Folha de Londrina

'Enquanto tivermos o direito de recorrer, nós vamos', afirma Dilma

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG) reafirmou nesta quinta-feira (6), em Curitiba, que o PT (Partido dos Trabalhado­res) defenderá a candidatur­a de Luiz Inácio Lula da Silva (PTSP) até o fim. Ela falou com a imprensa após visitar o expresiden­te na Superinten­dência da PF (Polícia Federal) do Paraná. A filósofa Márcia Tiburi (PT-RJ), que concorre ao governo do Rio de Janeiro, também participou do encontro.

“Querem que nós sejamos os algozes? Que com as nossas mãos nós condenemos e tiremos da campanha presidenci­al um inocente? Bom, nós escutamos a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Temos direito de recorrer. Enquanto tivermos o direito de recorrer, nós vamos. A hora que acabar esse direito, vamos discutir o que faremos. Agora, o Lula vai ser tirado por algozes que vão ficar claros perante à história, porque eles não querem ficar com a cara de algozes”.

Dilma relembrou o processo que sofreu de impeachmen­t e disse que em nenhum momento chorou, mas que com Lula sempre se emociona. “Diziam o seguinte: ‘é porque essa mulher é dura, ela é ruim; então não chora’. Não é isso. Eu não choro na frente de inimigo. Não choro. Não chorei na cadeia, não chorei na tortura. Quando se trata do presidente Lula e da absurda... Eu acho que é mais do que injustiça, porque não há injustiça maior do que condenar uma pessoa inocente... Com ele, eu choro. Eu lembro dele e choro”.

Dilma falou ainda que, antes de ser julgada pelo Senado, ouviu de muitas pessoas que não deveria comparecer à Casa de Leis, pois seria “constrange­dor”. “Não queriam que nós tivéssemos a narrativa de que havia um golpe no Brasil. Queriam que nós fugíssemos, como se fôssemos nós os culpados. Eu não fugi. Eu enfrentei o Senado. Eu fui ao Senado responder e deixar claro que se tratava de um golpe de Estado sem crime de responsabi­lidade. Com o Lula querem fazer a mesma coisa”.

Questionad­a sobre o fato de o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, ter sido indicado por ela, a ex-presidente argumentou que não poderia responder por ele. O magistrado votou favoravelm­ente ao registro do ex-presidente. Na sequência, porém, negou o pedido da defesa de Lula para afastar o impediment­o à candidatur­a.

“Se a gente fosse responsáve­l por tudo aquilo que indicasse, eu teria de comprar um camisolão branco, uma sandália franciscan­a, pegar aquele chicote de ponta de metal e me chicotear. Cada pessoa é responsáve­l depois da sua indicação pela condição de cidadã e cidadã e responde pelos seus atos, como eu respondo pelos meus”.

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Geraldo Bubniak/AGB/AFP Ex-presidente visitou Lula na sede da PF, em Curitiba, ao lado da filósofa Márcia Tiburi

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