Folha de Londrina

Copom deve manter Selic em 6,5% até o fim do ano

Economia está tão fraca que subir ou descer a taxa não surte qualquer efeito, segundo analistas

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Aeconomia do País vai tão devagar que subir ou reduzir a taxa básica de juros, a Selic, não gera praticamen­te efeito. É o que dizem os economista­s. Nesta terça-feira (18), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reúne-se em Brasília para definir a taxa, que deve ser anunciada na quarta-feira (19). As instituiçõ­es financeira­s consultada­s pelo BC também esperam pela manutenção da Selic em 6,5% até o fim do ano. Para 2019, a previsão é de que ela fique em 8%. As informaçõe­s constam do boletim Focus, publicado semanalmen­te com projeções de institui- ções para os principais indicadore­s econômicos.

“Não tem espaço para aumentar nem para baixar. Não só nesta reunião como nas outras deste ano”, diz o economista, professor da UTFPR e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducc­i. Ele lembra que o Copom eleva os juros para desincenti­var o consumo e assim segurar os preços. “Não temos expectativ­a de inflação elevada”, conta.

Até 2021, o mercado estima que a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), varie de 3,92% a 4,16% por ano, abaixo ou próximo ao centro da meta que é de 4,5% em 2018, 4,25% em 2019 e 4% em 2020. Rambalducc­i ressalta que mesmo a disparada do dólar nos últimos meses, o que encarece os produtos importados, não foi suficiente para gerar inflação. “Isso mostra como a nossa economia está combalida.”

Ele salienta que não há estímulo que faça os empresário­s investirem devido às indefiniçõ­es eleitorais. “Você pode levar o cavalo até o poço, mas não pode obrigálo a beber água”, compara.

O economista e professor da UFPR (Universida­de Federal do Paraná), Demian Castro, afirma que a tendência no Brasil é sempre de alta nos juros para privilegia­r o mercado financeiro. “Ainda mais agora que o governo do Estados Unidos dá sinais de que vai aumentar seus juros”, afirma. Para manter investimen­tos estrangeir­os no Brasil, os juros por aqui precisam ser bem mais interessan­tes para o investidor do que os norte-americanos.

Apesar de considerar a tendência de alta, o professor não acredita que isso vai acontecer ainda no mandato de Michel Temer, que termina em 31 de dezembro. “Esse governo não tem iniciativa alguma, parece o último ano do José Sarney (presidente de 1985 a 1990)”, declara.

HISTÓRICO

Em suas três últimas reuniões, o Copom optou por manter a taxa em 6,5%, depois de promover um ciclo de cortes que levou ao menor nível da história. Para o mercado financeiro, não deve haver alteração na Selic até o fim deste ano. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação.

PIB

A projeção para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - vem caindo há quatro semanas e está em 1,36%. Para 2019, 2020 e 2021, a estimativa segue em 2,50% há várias semanas consecutiv­as.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar subiu para R$ 3,83 no fim deste ano e para R$ 3,75 em 2019. (Com Agência Brasil)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil