Folha de Londrina

DIAGNÓSTIC­O

Ferramenta é utilizada pelo gestor local para elencar objetivos e metas para a universali­zação do acesso aos serviços essenciais

- Geral@folhadelon­drina.com.br Lucas Vettorazzo Folhapress

Menos da metade das cidades brasileira­s tem plano de saneamento básico, aponta levantamen­to do IBGE

Rio -

Menos da metade das cidades brasileira­s tinha um Plano Municipal de Saneamento Básico em 2017, divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) nesta quarta-feira (19). O diagnóstic­o faz parte da pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiro­s (Munic), que investiga caracterís­ticas municipais com dados fornecidos por integrante­s do poder público em todas as 5.570 cidades do País.

De acordo com a Munic, 41,5% dos municípios brasileiro­s (ou 2.314 do total) possuíam um Plano Municipal de Saneamento em 2017. Outras 1.511 cidades (ou 27,1% do total) estavam em 2017 com plano em fase de desenvolvi­mento e em 1.745 municípios (ou 31,3% do total) ele sequer existia.

O plano é a ferramenta que o gestor local utiliza para fazer um diagnóstic­o da situação do saneamento, bem como elenca objetivos e metas para a universali­zação do acesso aos serviços essenciais. É considerad­o a principal ferramenta de planejamen­to e execução de políticas públicas nas áreas de abastecime­nto de água, coleta e tratamento de esgoto, manejo de resíduos sólidos e gestão de rios urbanos.

Em 2007, com a lei 11.445, foi criado o marco regulatóri­o do saneamento no País. Ela estipula as diretrizes nacionais para a universali­zação do serviço nas cidades brasileira­s. Em 2010, decreto definiu que a existência de um Plano Municipal de Saneamento Básico seria condição necessária para que os municípios pudessem ter acesso a recursos do orçamento da União ou recursos financiado­s pelo governo federal para a realização de obras no setor.

Inicialmen­te, as cidades tinham até 2013 para cumprir a exigência, mas essa data foi postergada diversas vezes. O último decreto sobre o assunto, de dezembro de 2017, definiu o prazo final para dezembro do ano que vem.

Em 2017, cerca de dois anos antes do prazo final, portanto, menos da metade das cidades brasileira­s atendia às exigências mínimas para acesso a recursos federais.

A existência de planos de saneamento é mais comum em Estados cuja população é maior do que 100 mil habitantes e também nas regiões mais ricas do país.

Os Estados com as maiores proporções de municípios com plano em 2017 foram Santa Catarina (87,1%) e Rio Grande do Sul (75,5%). As menores proporções foram verificada­s na Paraíba (13%), Pernambuco (14,1%) e Bahia (14,6%). São Paulo e Rio têm, respectiva­mente, 58% e 57% de suas cidades com plano de saneamento básico. Enquanto no Sul (72,8%) e no Sudeste (53%) o percentual de cidades com plano é mais elevado, nas regiões Nordeste (15,7%) e Norte (29,5%) o índice é mais baixo.

A Munic mostrou ainda que 14,6% das cidades brasileira­s tinham Conselho Municipal de Saneamento, que são grupos onde participam governo e sociedade civil no desenvolvi­mento de políticas públicas para o setor.

Em 2,5% das cidades o conselho de saneamento existe em conjunto com outros conselhos, como o de saúde, por exemplo, ou habitação. Em 82,8% dos municípios a entidade de saneamento não existe.

REFERÊNCIA

Londrina é referência em políticas de saneamento básico no País. Mais de 94% da população tem esgoto coletado e tratado. O serviço no município é executado em sua totalidade pela Sanepar. Segundo Sergio Bahls, gerente geral da região nordeste do Paraná, o plano municipal da cidade é um dos mais eficientes do Brasil.

“Nós temos um índice de atendiment­o de 71,7% da população do Paraná, distribuíd­a em 188 municípios onde prestamos serviço, isso chega a 8,5 milhões de pessoas. Agora, Londrina tem um dos melhores números do País. Temos atendiment­o a 94,4% da população, que tem rede coletora”, afirmou Bahls. A região nordeste engloba 75 municípios.

O plano municipal de saneamento básico é elaborado integralme­nte pelo município. Segundo Bahls, a Sanepar tem o dever de executar as ações solicitada­s e auxiliar em pontos específico­s do planejamen­to.

DOENÇAS

Segundo estudiosos do tema, os indicadore­s de saneamento e saúde pública guardam estreita relação. É comum uma maior incidência de doenças como dengue ou chikunguny­a em locais com infraestru­tura de saneamento precária.

A pesquisa do IBGE foi a campo em 2017 e, pela primeira vez, questionou funcionári­os dos poderes públicos municipais sobre se a cidade teve endemia ou epidemia de alguma doença relacionad­a às más condições de saneamento locais nos últimos 12 meses.

A resposta foi que 34,7% das cidades brasileira­s registrara­m algum surto de doença nos 12 meses que antecedera­m o questionár­io. A dengue esteve presente em 26,9% das cidades brasileira­s no período, seguida de diarreia (23,1%), verminoses em geral (17,2%), chikunguny­a (17,2%), zika (14,6%) e doenças do aparelho respiratór­io (11,7%), como a tuberculos­e.

A febre amarela, que assustou o brasileiro no ano passado em razão da velocidade com que se espalhou nas regiões rurais dos estados, foi registrada, segundo o IBGE, em apenas 2,9% das cidades brasileira­s.

A endemia é quando uma doença existe constantem­ente em determinad­o lugar, independen­temente do número de indivíduos por ela acometidos. Já a epidemia é quando a doença surge rapidament­e e acomete grande número de pessoas. O IBGE não fez diferencia­ção sobre os termos quando questionou os municípios.(Colaborou

Matheus Camargo/Estagiário) Supervisão:

Segundo estudiosos, indicadore­s de saneamento e saúde pública guardam estreita relação

Fernando Rocha Faro/Editor de Geral

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Fernando Frazão/Agência Brasil Existência do plano municipal é condição necessária para que os municípios tenham acesso a recursos federais para obras de saneamento

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