Bernardo defende ‘rebelião social’
Candidato do PSTU promete ruptura com os modelos adotados por governos de direita e esquerda
O candidato do PSTU, professor Ivan Bernardo é o sétimo entrevistado na sessão de sabatinas com os candidatos ao governo estadual. Bernardo faz críticas aos partidos de esquerda e de direita. Entre suas bandeiras está a taxação de grandes fortunas. Ele defende boicote de pagamento de juros aos bancos
Candidato do PSTU, o professor Ivan Bernardo entra pela oitava vez na disputa para um cargo eletivo. Para marcar seus ideais socialistas, ele concorreu a prefeito de Paranavaí (Noroeste) por três vezes, a vice-governador, ao Senado e agora se lançou candidato ao governo do Paraná nas eleições 2018 em defesa de uma “rebelião social”, conforme diz.
Na sabatina da FOLHA, o candidato faz críticas tanto aos partidos de direita quanto aos de esquerda. Bernardo diz ainda que o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas é culpa de outros partidos da “dita esquerda” (PT, PSOL e PC do B). Entre as bandeiras, o PSTU defende a taxação das grandes fortunas, boicote de pagamento de juros aos bancos e quer empresas públicas, sem capital aberto.
O candidato do PSTU afirma ser possível reajuste dos servidores em pelo menos 11% e critica a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Questionado pelo crescimento de candidatos de direita como o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PSTU culpou parte da esquerda. “Na minha opinião é culpa desta ‘dita’ esquerda, como o PT, PC do B, PCO e PSOL, que fica só convocando ‘Lula Livre’ (nome do movimento pró ex-presidente Lula que está preso em Curitiba desde abril, condenado pela Lava Jato pelo caso do Triplex de Guarujá), mas não convoca a classe trabalhadora para ir às ruas, fazer as greves, ocupações de terra, reforma agrária, reforma urbana. Desta forma que esta ‘dita’ esquerda - que traiu a classe trabalhadora quando chegou ao poder com Lula em 2003 - está permitindo surgir esta figura (Bolsonaro), que na nossa opinião é uma figura covarde. Na nossa opinião a candidatura dele só instiga a violência ao defender a ditadura militar e bandeiras machistas, racistas e homofóbicas. Ele (Bolsonaro) esquece de dizer que foi na ditadura que as desigualdades sociais cresceram. No período militar teve muita corrupção que favoreceu muitas empreiteiras, além de ter sido um regime sanguinário. Para derrotar o Bolsonaro, o PSDB e os partidos da ‘dita esquerda’, é preciso revolucionar de verdade. Nós defendemos uma rebelião social e construir os conselhos populares para construir uma sociedade fraterna.”
POUCO TEMPO NA TV
O professor Ivan Bernardo tem apenas 5 segundos no programa eleitoral gratuito no rádio e na TV e apenas 9 inserções durante os intervalos até a véspera da eleição. Ao responder sobre a disputa por um partido “nanico”, o candidato do PSTU disse que está gastando sola de sapato para concorrer com os grandes partidos. “Para furar o bloqueio da grande mídia, grande imprensa, vamos na luta direta visitando as escolas, portas das fábricas para conversar com os trabalhadores, contamos com a luta das mulheres, do movimento negro, hip hop e também nas mídias sociais. Essa é a nossa estratégia de conversar com nossa classe e apresentar um programa que é uma saída socialista para o Paraná.”
ESTATAIS
“Nossa campanha defende estatizar 100% a Copel e Sanepar, para por fim ao lucro de meia dúzia de pessoas que negociam ações das duas estatais na bolsa de valores. Somente com a estatização completa nós baixamos a tarifa da água e da luz. Ou seja, retomar para as mãos do Estado para garantir a qualidade de atendimento e produção de energia e abastecimento de água e esgoto.”
REAJUSTE DOS SERVIDORES
O candidato do PSTU também foi questionado sobre o reajuste aos servidores no qual foi suspensa a negociação na AL (Assembleia Legislativa) após uma proposta de reposição de 1% pelo governo Cida Borghetti (PP). Ele disse que pretende romper com a Lei de Responsabilidade Fiscal para poder garantir pagamento aos servidores. “Os servidores públicos do Paraná estão sendo desrespeitados. O governo Beto Richa desviou dinheiro da Previdência para colocar em outras áreas. Na verdade foi um roubo do dinheiro da Previdência do povo paranaense. A nossa defasagem é 11,57%. E eles falam que não tem dinheiro, como eles vão aumentar salários de juíze e de políticos, além de gastar com comissionados, que são cabide de emprego? O governo Lerner também é culpado, que vendeu o Banestado a preço de banana. Hoje a gente paga esse juro da dívida aos banqueiros. Romper com a lei de Responsabilidade Fiscal. Queremos fazer a lei de responsabilidade social. A gente pretende taxar as grandes fortunas. Os ricos têm que pagar conta dessa crise, não a classe trabalhadora. Também defendemos mais investimentos no SAS, o sistema de saúde dos servidores.”
EDUCAÇÃO
Sem explicar detalhes so- bre recursos, a proposta do candidato é dobrar o número de professores na rede estadual e aplicar o ensino 100% integral. “Para que o jovem tenha o prazer de aprender. As escolas estão sucateadas e os trabalhadores e professores, frustrados. Os profissionais da educação não têm culpa disso. O ex-governador não investiu nada. Quero escola de qualidade. Defendemos hora atividade de 5% e a redução dos alunos em sala de aula e investir 15% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação pública. E somos contra o MDB, PT e PSDB, que usam dinheiro público para investir em universidades particulares.
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA
O candidato defende o fim do Meta 4 - sistema de controle da folha de pagamento estabelecido pelo governo do Paraná que segundo reitores das universidades estaduais retirou autonomia na gestão dos recursos dessas instituições. “Queremos mais investimentos e mais autonomia.” Ainda em relação aos Hospitais Universitários e profissionais de saúde, o candidato defende mais contratação e redução da jornada de trabalho dos servidores da saúde.
Defendemos a redução dos alunos em sala de aula e investir 15% do PIB na educação pública"
Bernardo tem 0,8% das intenções de voto para o governo do Estado, segundo pesquisa do Instituto Radar encomendada pela ADI (Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná) e divulgada nesta quarta (19).
ESQUERDA DIVIDIDA
PEDÁGIO
As seis empresas que estão no estado desde 1997 devem devolver o controle das rodovias federais em 2021, quando vencem os contratos firmados no governo Jaime Lerner. Questionado, o candidato pretende reestatizá-las. “As concessionárias não cumpriram os contratos, estão todas as obras atrasadas, as rodovias estão mal feitas e mal sinalizadas. Defendo a taxa zero mesmo. Isso porque a população já paga um IPVA caríssimo, além de altos impostos pelo combustível. Não tem motivo nenhum o pedágio, na nossa opinião é um verdadeiro roubo.”
As entrevistas também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionando no código abaixo: