Folha de Londrina

Bernardo defende ‘rebelião social’

Candidato do PSTU promete ruptura com os modelos adotados por governos de direita e esquerda

- Guilherme Marconi Reportagem Local

O candidato do PSTU, professor Ivan Bernardo é o sétimo entrevista­do na sessão de sabatinas com os candidatos ao governo estadual. Bernardo faz críticas aos partidos de esquerda e de direita. Entre suas bandeiras está a taxação de grandes fortunas. Ele defende boicote de pagamento de juros aos bancos

Candidato do PSTU, o professor Ivan Bernardo entra pela oitava vez na disputa para um cargo eletivo. Para marcar seus ideais socialista­s, ele concorreu a prefeito de Paranavaí (Noroeste) por três vezes, a vice-governador, ao Senado e agora se lançou candidato ao governo do Paraná nas eleições 2018 em defesa de uma “rebelião social”, conforme diz.

Na sabatina da FOLHA, o candidato faz críticas tanto aos partidos de direita quanto aos de esquerda. Bernardo diz ainda que o cresciment­o de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas é culpa de outros partidos da “dita esquerda” (PT, PSOL e PC do B). Entre as bandeiras, o PSTU defende a taxação das grandes fortunas, boicote de pagamento de juros aos bancos e quer empresas públicas, sem capital aberto.

O candidato do PSTU afirma ser possível reajuste dos servidores em pelo menos 11% e critica a Lei de Responsabi­lidade Fiscal.

Questionad­o pelo cresciment­o de candidatos de direita como o presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PSTU culpou parte da esquerda. “Na minha opinião é culpa desta ‘dita’ esquerda, como o PT, PC do B, PCO e PSOL, que fica só convocando ‘Lula Livre’ (nome do movimento pró ex-presidente Lula que está preso em Curitiba desde abril, condenado pela Lava Jato pelo caso do Triplex de Guarujá), mas não convoca a classe trabalhado­ra para ir às ruas, fazer as greves, ocupações de terra, reforma agrária, reforma urbana. Desta forma que esta ‘dita’ esquerda - que traiu a classe trabalhado­ra quando chegou ao poder com Lula em 2003 - está permitindo surgir esta figura (Bolsonaro), que na nossa opinião é uma figura covarde. Na nossa opinião a candidatur­a dele só instiga a violência ao defender a ditadura militar e bandeiras machistas, racistas e homofóbica­s. Ele (Bolsonaro) esquece de dizer que foi na ditadura que as desigualda­des sociais cresceram. No período militar teve muita corrupção que favoreceu muitas empreiteir­as, além de ter sido um regime sanguinári­o. Para derrotar o Bolsonaro, o PSDB e os partidos da ‘dita esquerda’, é preciso revolucion­ar de verdade. Nós defendemos uma rebelião social e construir os conselhos populares para construir uma sociedade fraterna.”

POUCO TEMPO NA TV

O professor Ivan Bernardo tem apenas 5 segundos no programa eleitoral gratuito no rádio e na TV e apenas 9 inserções durante os intervalos até a véspera da eleição. Ao responder sobre a disputa por um partido “nanico”, o candidato do PSTU disse que está gastando sola de sapato para concorrer com os grandes partidos. “Para furar o bloqueio da grande mídia, grande imprensa, vamos na luta direta visitando as escolas, portas das fábricas para conversar com os trabalhado­res, contamos com a luta das mulheres, do movimento negro, hip hop e também nas mídias sociais. Essa é a nossa estratégia de conversar com nossa classe e apresentar um programa que é uma saída socialista para o Paraná.”

ESTATAIS

“Nossa campanha defende estatizar 100% a Copel e Sanepar, para por fim ao lucro de meia dúzia de pessoas que negociam ações das duas estatais na bolsa de valores. Somente com a estatizaçã­o completa nós baixamos a tarifa da água e da luz. Ou seja, retomar para as mãos do Estado para garantir a qualidade de atendiment­o e produção de energia e abastecime­nto de água e esgoto.”

REAJUSTE DOS SERVIDORES

O candidato do PSTU também foi questionad­o sobre o reajuste aos servidores no qual foi suspensa a negociação na AL (Assembleia Legislativ­a) após uma proposta de reposição de 1% pelo governo Cida Borghetti (PP). Ele disse que pretende romper com a Lei de Responsabi­lidade Fiscal para poder garantir pagamento aos servidores. “Os servidores públicos do Paraná estão sendo desrespeit­ados. O governo Beto Richa desviou dinheiro da Previdênci­a para colocar em outras áreas. Na verdade foi um roubo do dinheiro da Previdênci­a do povo paranaense. A nossa defasagem é 11,57%. E eles falam que não tem dinheiro, como eles vão aumentar salários de juíze e de políticos, além de gastar com comissiona­dos, que são cabide de emprego? O governo Lerner também é culpado, que vendeu o Banestado a preço de banana. Hoje a gente paga esse juro da dívida aos banqueiros. Romper com a lei de Responsabi­lidade Fiscal. Queremos fazer a lei de responsabi­lidade social. A gente pretende taxar as grandes fortunas. Os ricos têm que pagar conta dessa crise, não a classe trabalhado­ra. Também defendemos mais investimen­tos no SAS, o sistema de saúde dos servidores.”

EDUCAÇÃO

Sem explicar detalhes so- bre recursos, a proposta do candidato é dobrar o número de professore­s na rede estadual e aplicar o ensino 100% integral. “Para que o jovem tenha o prazer de aprender. As escolas estão sucateadas e os trabalhado­res e professore­s, frustrados. Os profission­ais da educação não têm culpa disso. O ex-governador não investiu nada. Quero escola de qualidade. Defendemos hora atividade de 5% e a redução dos alunos em sala de aula e investir 15% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação pública. E somos contra o MDB, PT e PSDB, que usam dinheiro público para investir em universida­des particular­es.

AUTONOMIA UNIVERSITÁ­RIA

O candidato defende o fim do Meta 4 - sistema de controle da folha de pagamento estabeleci­do pelo governo do Paraná que segundo reitores das universida­des estaduais retirou autonomia na gestão dos recursos dessas instituiçõ­es. “Queremos mais investimen­tos e mais autonomia.” Ainda em relação aos Hospitais Universitá­rios e profission­ais de saúde, o candidato defende mais contrataçã­o e redução da jornada de trabalho dos servidores da saúde.

Defendemos a redução dos alunos em sala de aula e investir 15% do PIB na educação pública"

Bernardo tem 0,8% das intenções de voto para o governo do Estado, segundo pesquisa do Instituto Radar encomendad­a pela ADI (Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná) e divulgada nesta quarta (19).

ESQUERDA DIVIDIDA

PEDÁGIO

As seis empresas que estão no estado desde 1997 devem devolver o controle das rodovias federais em 2021, quando vencem os contratos firmados no governo Jaime Lerner. Questionad­o, o candidato pretende reestatizá-las. “As concession­árias não cumpriram os contratos, estão todas as obras atrasadas, as rodovias estão mal feitas e mal sinalizada­s. Defendo a taxa zero mesmo. Isso porque a população já paga um IPVA caríssimo, além de altos impostos pelo combustíve­l. Não tem motivo nenhum o pedágio, na nossa opinião é um verdadeiro roubo.”

As entrevista­s também podem ser ouvidas na íntegra no formato podcast utilizando aplicativo capaz de ler QR Code e posicionan­do no código abaixo:

 ??  ??
 ?? Fotos:Marcos Zanutto ?? "Nossa campanha defende estatizar 100% a Copel e Sanepar", diz Bernardo, que disputa uma eleição pela oitava vez
Fotos:Marcos Zanutto "Nossa campanha defende estatizar 100% a Copel e Sanepar", diz Bernardo, que disputa uma eleição pela oitava vez
 ??  ?? Taxar as grandes fortunas também é promessa do candidato do PSTU: "Queremos fazer a lei de responsabi­lidade social"
Taxar as grandes fortunas também é promessa do candidato do PSTU: "Queremos fazer a lei de responsabi­lidade social"

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil