Folha de Londrina

Sempre ele, o caos

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O imaginário político do momento, em função das pesquisas, nos coloca diante de um velho e repetitivo conhecido - o caos. Gráficos indicam uma polarizaçã­o entre Bolsonaro e Fernando Haddad e só isso faz aflorar o pior dos impasses. Muitos que pendem para o capitão acham que o Brasil não aguenta uma nova experiênci­a petista, melhor definida no impeachmen­t de Dilma Rousseff, e ora amaciada até porque lidera as sondagens para o Senado em Minas Gerais. No culto à expresiden­te, um pouco, é claro, de menor escala, da atoarda em favor do Lula e de sua suposta e cândida inocência.

Uma das mais recentes experiênci­as foi a de Collor na primeira eleição pós regime militar que tinha um aspecto dominantem­ente híbrido na pauta da modernidad­e - a de que nossa indústria automotiva era uma fábrica de carroças, o que como símbolo atingia outros produtos, inclusive nossos vinhos - ao lado de uma truculênci­a cangaceira expressa nas ações de PC Farias e outros. Tentou-se até um arremedo ideológico no liberal socialismo, tema para intelectua­is como Hélio Jaguaribe e o diplomata Merquior, uma das mentes mais lúcidas da crítica do pensamento brasileiro e mundial, ambos integrante­s da equipe ministeria­l.

Aos que se surpreende­ram com outra variável ao mesmo tempo do liberalism­o e das visões socialista­s (não esquecer que o nazismo também era nacional socialismo e como o PT falava em partido único dos trabalhado­res alemães), um clareament­o do Dicionário de Política de Norberto Bobbio esclarecia que tal concepção precedia o Manifesto de Marx Engels.

Apelando ao populismo pop - voos em aviões subsônicos, corridas em ruas de Nova York - tentou impor-se e acabou bloqueado pelas instituiçõ­es como se deu com Jânio Quadros na sua espetaculo­sa renúncia e mais recentemen­te com Lula e Dilma. Mesmo insuficien­tes e contraditó­rias, as instituiçõ­es se revelam aptas para recuperar a normalidad­e. E assim será com Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad, que no momento lideram as pesquisas, restando aos demais postulante­s cautelas e ações para melhorar o desempenho, como Alckmin, que fará carga contra a radicaliza­ção tentando desconstru­ir os líderes da corrida pelo que representa­m como fatores de racha no país inteiro. Afinal, o cúmplice de sempre, o caos, está presente.

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