Folha de Londrina

Kim promete desativar complexo nuclear e permitir inspeções

Governante­s anunciaram uma série de medidas diplomátic­as, incluindo uma visita do ditador norte-coreano a Seul até o fim do ano

- Folhapress

São Paulo - O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu nesta quarta-feira (19) fechar o principal complexo nuclear do país e permitir a presença de inspetores internacio­nais do país, desde que os Estados Unidos se comprometa­m a tomar ações semelhante­s. As afirmações fazem parte da declaração conjunta divulgada após encontro em Pyongyang de Kim com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, no qual os dois líderes negociaram a implementa­ção de um caminho para a desnuclear­ização da península.

Os dois governos anunciaram ainda uma série de medidas diplomátic­as, incluindo uma visita do ditador a Seul até o fim do ano e o aumento dos encontros entre famílias separadas.

Representa­ntes militares dos dois lados também assinaram acordos para diminuir a tensão na zona desmilitar­izada que divide os países, incluindo a proibição de voos nas suas proximidad­es (para impedir incidentes) e a diminuição do número de soldados armados e de postos de vigilância de ambos os lados. “Concordamo­s em fazer a península coreana uma terra de paz, livre de armas e da ameaça nuclear”, afirmou o ditador após o encontro.

Segundo a declaração, Kim aceitou também desativar permanente­mente e sem pré-requisitos o complexo de Dongchang-ri, usado para o lançamento de mísseis, e afirmou que vai autorizar a presença de inspetores internacio­nais no local, no que foi considerad­o um avanço.

Em maio, quando os norte-coreanos desativara­m um outro complexo, o de Punggye-ri, jornalista­s puderam observar a distância a ação, mas a presença dos inspetores não foi permitida - o que fez analistas especulare­m que o fechamento poderia ser enganoso. Mas, além de Dongchang-ri, Kim pela primeira vez aceitou fechar também o complexo de Yongbyon, o principal do país e centro do programa nuclear norte-coreano. Para isso, porém, o ditador impôs como exigência que os Estados Unidos tomem “medidas correspond­entes”, sem especifica­r exatamente quais seriam.

O fim do complexo seria uma importante concessão a Washington, que busca há décadas o fechamento - o máximo que os americanos conseguira­m foi seu congelamen­to durante o governo de Bill Clinton.

O presidente Donald Trump afirmou a jornalista­s na Casa Branca que o encontro entre os líderes coreanos resultou em um “tremendo progresso” e em boas notícias. Mais cedo, ele já tinha elogiado as declaraçõe­s nas redes sociais. “Kim Jong-un concordou em permitir inspeções nucleares, sujeitas a negociaçõe­s finais, e a desativar permanente­mente um local de teste e uma plataforma de lançamento na presença de especialis­tas internacio­nais. Enquanto isso não haverá foguetes ou testes nucleares”, escreveu o americano. Ele não comentou sobre o pedido de medidas recíprocas feito por Kim.

Apesar da aproximaçã­o de Pyongyang com Seul e Washington desde o início de 2018 - que culminou com o histórico encontro entre Kim e Trump em junho em Singapura - as conversas para colocar fim ao programa nuclear norte-coreano estão paradas.

No fim de agosto, Trump afirmou que as negociaçõe­s não estavam avançando e cancelou a ida de seu secretário de Estado, Mike Pompeo, à Coreia do Norte. Pyongyang respondeu em uma carta quatro dias depois na qual afirmou que a relação entre os dois estavam “novamente em risco”.

Washington quer que o governo norte-coreano se comprometa unilateral­mente com uma desnuclear­ização completa da península, mas Pyongyang exige algumas medidas de Washington em troca. Analistas consideram que as promessas feitas pelos dois lados até o momento são muito vagas.

Entre os pontos de desavenças está a possibilid­ade de por um fim oficial a Guerra das Coreias, uma exigência norte-coreana. O conflito, que durou de 1950 a 1953, que terminou em um armistício, deixando a península tecnicamen­te em guerra até hoje.

Assim, o encontro de Kim com o presidente sul-coreano, que começou na terça (18) e vai até esta quinta (20), tem como objetivo salvar essas conversas para a desnuclear­ização da península.

Trump não comentou sobre o pedido de medidas recíprocas feito por Kim

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Pyongyang Press Corps/AFP Anúncio da desativaçã­o feito por Kim Jong-un (à dir.) integrava pauta de negociaçõe­s com o sul-coreano Moon Jae-in

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