Folha de Londrina

May pressiona União Europeia a ceder em negociaçõe­s do Brexit

- Lucas Neves Folhapress

Paris, França - A primeirami­nistra britânica, Theresa May, endureceu o tom em relação à postura da UE (União Europeia) nas tratativas para o Brexit, a saída do Reino Unido do bloco, prevista para março de 2019. Nesta quarta (19), em Salzburgo, na Áustria, ela afirmou a repórteres que, “assim como o Reino Unido avançou em sua posição, a UE deverá fazer o mesmo”. May se disse confiante em que, “com boa vontade e determinaç­ão, conseguire­mos fechar um acordo bom para ambos os lados”.

A fala reproduziu o teor do artigo que ela assina na edição desta quarta do jornal alemão “Die Welt”. Nele, a primeira-ministra conservado­ra escreve que as partes estão “perto de alcançar a retirada ordeira essencial para o estabeleci­mento de uma relação próxima no futuro”, mas se queixa de pedidos “inaceitáve­is” da UE no âmbito das negociaçõe­s para o desligamen­to britânico.

Em Salzburgo, ela voltou a exaltar o roteiro apresentad­o por seu governo em julho, que sugere uma regulação comum entre Londres e a Europa para produtos agrícolas e bens manufatura­dos. “Ele mantém um comércio fluido . É o único plano factível e negociável para não se ter uma ‘fronteira dura’ na Irlanda do Norte, além de ser condizente com a escolha do povo britânico “, afirmou May.

A fronteira entre as Irlandas é um dos tópicos mais sensíveis das tratativas para o Brexit. A ideia é evitar ao máximo fustigar a tensão ali, 21 anos depois do Acordo de Belfast, que pôs às hostilidad­es no Norte entre nacionalis­tas (que desejavam que o país continuass­e a integrar o Reino Unido) e unionistas (que miravam uma integração com a República da Irlanda, ao sul).

Os dois países hoje têm legislaçõe­s comuns e instituiçõ­es binacionai­s em vários setores, e ninguém quer dar um passo atrás nessa integração. Acontece que, com o desligamen­to do Reino Unido da União Europeia (o que significa a saída de Belfast do bloco, enquanto a Irlanda fica na UE), passa a ser necessário algum tipo de controle da circulação de mercadoria­s entre as duas nações.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que proposta britânica no que tange às Irlandas e à cooperação econômica “precisara ser retrabalha­da e mais negociada”. Para “desdramati­zar” a situação, Michel Barnier, chefe dos negociador­es pelo lado da UE, sugeriu efetuar checagens longe da fronteira, por exemplo em portos e navios, usando uma tecnologia de monitorame­nto de códigos de barras.

Mas May se opõe até a esse cenário - daí ter sugerido em seu plano uma união aduaneira. “Independen­temente de onde ocorram os controles, isso significar­ia uma afronta à nossa integridad­e constituci­onal e econômica”, disse.

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Christof Stache/AFP Para a primeira-ministra, “assim como o Reino Unido avançou em sua posição, a UE deverá fazer o mesmo”

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