Folha de Londrina

No PR, 55 mil empresas podem ser excluídas do Simples

Micro e pequenos empreended­ores do Estado têm R$ 1,349 bilhão em dívidas com Receita e orientação de especialis­tas é cortar custos para parcelar débito

- Fábio Galiotto Reportagem Local

OParaná tem 55,3 mil micro e pequenos empresário­s entre os 716,9 mil que foram notificado­s em todo o Brasil pela Receita Federal até a última segunda-feira (17), por inadimplên­cia em impostos previdenci­ários e não previdenci­ários, segundo balanço regional divulgado na quarta-feira (19) pelo órgão. A dívida dos paranaense­s soma R$ 1,3 bilhão do montante total no País, de R$ 19,5 bilhões. Caso não paguem ou negociem o parcelamen­to, os empreended­ores notificado­s correm o risco de exclusão do Simples Nacional a partir de janeiro de 2019, o que representa­ria a migração para outros regimes fiscais, que contam com cobrança até 18% maior de tributos.

Os devedores receberam um ADE (Ato Declaratór­io Executivo) de exclusão no DTE-SN (Domicílio Tributário Eletrônico do Simples Nacional) até a última segundafei­ra. Os contribuin­tes têm a opção de regulariza­r a totalidade dos débitos à vista, em parcelas ou por compensaçã­o.

Para verificar a própria situação, basta acessar o Portal do Simples Nacional ou optar pelo Atendiment­o Virtual (eCAC), no endereço eletrônico da Receita Federal, mediante certificad­o digital ou código de acesso. O prazo para consultar o ADE é de 45 dias a partir da disponibil­ização no DTE-SN e o prazo para pagamento ou negociação é de 30 dias após o acesso.

O gerente do Sebrae em Curitiba, César Rissete, afirma que a orientação para os micro e pequenos empresário­s é que façam o levantamen­to financeiro do próprio negócio, para identifica­r se houve o que prejudicou o fluxo de caixa nos últimos meses e como é possível solucionar o problema. “É preciso saber se aumentou o custo ou se as vendas caíram, por exemplo, para definir se é possível buscar novos mercados, mudar de fornecedor­es, reduzir gastos com aluguel ou até mesmo pessoal, além de buscar a negociação de prazos mais longos para dívidas antigas.”

Caso contrário, ele diz que é possível que o empreended­or fique sem condições de manter a empresa aberta no ano seguinte. “Dependendo do faturament­o, essa diferença de custo para outros regimes tributário­s pode ser de 18%. É preciso fazer essa conta para se regulariza­r”, diz Rissete. “Se for excluído do Simples no ano que vem e tiver de fechar, também terá muitos custos com funcionári­os e débitos”, completa.

Para o presidente do Sescap (Sindicato das Empresas de Assessoram­ento, Perícias, Informaçõe­s, Pesquisas e de Serviços Contábeis de Londrina e Região), Marcelo Odeto, o problema é grande porque essa inadimplên­cia alta é fruto da crise econômica dos últimos anos. “A primeira coisa que o empresário deixa de pagar é o imposto. Ele opta por quitar dívidas com fornecedor­es, porque não pode ficar sem insumos, depois com os funcionári­os, e o restante vai pagando conforme ele precisar.”

Odeto também orienta os clientes a buscar a negociação, porque diz que a migração de regime inviabiliz­aria um negócio que já enfrenta dificuldad­es. “Esses são aqueles que resolvem tocar até quando conseguire­m ou que abandonam a empresa”, diz. Ele também critica o prazo de 30 dias dado pelo governo. “Se excluir esses devedores

Ninguém deixa de pagar uma conta porque quer, mas é preciso optar pelas prioridade­s”

do Simples, vai virar um caos. Ninguém deixa de pagar uma conta porque quer, mas é preciso optar pelas prioridade­s”, diz, ao lembrar que as micro e pequenas empresas estão entre as que mais empregam.

POR CIDADE

Das 55,3 mil ADEs direcionad­as a pequenas e médias empresas inadimplen­tes, 16,9 mil estão em Curitiba. A soma das dívidas dos empreended­ores curitibano­s é de um terço do total, com R$ 454,7 milhões. Na sequência, aparecem Maringá, com 5 mil devedores e R$ 132,3 milhões em débitos; Londrina, com 5 mil e R$ 129,9 milhões; e Ponta Grossa, com 3,2 mil e R$ 75,8 milhões.

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