Corrupção do dia a dia
Cerca de 350 exemplares que estavam à disposição do público não foram devolvidos
O Espaço Leitura do Terminal Urbano Central precisa de doação de livros. O acervo contava com 350 exemplares, mas após empréstimos que não tiveram devoluções, apenas 30 títulos estão disponíveis ao público. Segundo a TCGL, livros chegaram a ser oferecidos em sebos da cidade. Para coibir prática, empresa vai usar carimbo com inscrição “venda proibida”
Oporteiro Jorge da Silva desceu do ônibus no Terminal Central em Londrina e foi direto para o Espaço Leitura, localizado no piso inferior, próximo às escadas rolantes. Ele conta que isso já faz parte da sua rotina durante a espera do próximo coletivo.
Só que na manhã de quartafeira (19), ele ficou surpreso com os balcões praticamente vazios. “Achei que o pessoal estava organizando os livros, mas não. Fiquei sabendo que eles sumiram mesmo. É triste porque eu mesmo estava aproveitando bastante. Era um jeito de colocar a leitura em dia”, conta.
Inaugurado no dia 9 de agosto, o local tinha à disposição do público, aproximadamente 300 livros frutos de doações. Duas semanas depois, foi feita uma reposição de mais 80 livros e agora, pouco mais de um mês de funcionamento, o acervo tem apenas 30 exemplares.
Montado para proporcionar momentos de lazer aos clientes do transporte coletivo, o Espaço Leitura segue o exemplo de espaços comunitários de países desenvolvidos, dispensando cadastro ou qualquer tipo de taxa para acesso aos livros.
“Era um espaço ocioso e tivemos a ideia de montar um espaço de integração, onde as pessoas possam interagir com livros e revistas e usar a internet, mas infelizmente, os livros acabaram sumindo”, afirma o diretor de operações da TCGL ( Transportes Coletivos Grande Londrina), Daniel Martins.
Para continuar com a proposta do espaço, a TCGL pede para que a sociedade doe livros, revistas e gibis. “Agora estamos marcando todos os materiais com carimbos de venda proibida, pois já temos conhecimento que alguns livros chegaram a ser vendidos em um sebo”, comenta.
A dona de casa Maria Lucia de Goes, que já está habituada a levar um exemplar para ler em casa e devolvê-lo na próxima ida ao terminal, lamenta o ocorrido. “Levar um livro e não trazer de volta só traz prejuízos. Se continuar dessa forma, esse projeto vai acabar”, diz.
Além da leitura, o espaço dispõe de wi-fi gratuito, que vem sendo utilizado principalmente, pelos motoristas e cobradores, durante o intervalo. “Não sou muito de ler, prefiro ficar no celular. É uma boa ideia porque enquanto a gente espera, dá para usar a internet sem custo”, conta o cobrador Wellington Modenuti.