REBELIÃO –
Um agente e dois detentos foram feitos reféns; Bope foi acionado, mas negociações foram suspensas no início da noite
Um agente penitenciário e dois presos foram feitos reféns durante uma rebelião iniciada na manhã desta quinta-feira (4), na PEM (Penitenciária Estadual de Maringá). Os amotinados tomaram parte da unidade e reclamavam de mudanças administrativas promovidas pela direção. Apesar das negociações, até o fechamento da edição, o motim não havia terminado
Maringá -
Presos da galeria sete da PEM (Penitenciária Estadual de Maringá), no município de Paiçandu, iniciaram uma rebelião na manhã desta quarta-feira (4). Dois detentos e um agente penitenciário foram feitos reféns por volta das 9h30, durante a entrega dos kits de higiene. Oficialmente não foram informadas as reivindicações, mas os presos, por meio de ligação de celular aos familiares, reclamaram do comando da segurança da cadeia. Segundo eles, os agentes estariam prejudicando o sistema de emissão de carteirinhas para visitas, além de a chegada de um grupo de presos de uma facção rival ter aumentado a tensão entre os presos. Informações não confirmadas dão conta que o pavilhão seria comando pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Até o fechamento desta edição, a rebelião já passava de 12 horas de duração e o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), ligado à Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária) informou que as negociações estavam suspensas.
Durante a manhã os rebelados colocaram fogo em colchões, o que provocou muita fumaça nas galerias. O incidente causou o desmaio de um agente, que precisou de atendimento médico. Apesar da ocorrência não houve nenhum registro de feridos. Agentes do Bope (Batalhão de Operações Especiais), de Curitiba, assumiram as negociações com os rebelados, por volta das 15h. Ainda participaram da operação agentes do SOE (Seção de Operações Especiais), do Pelotão de Choque, da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel), dos bombeiros e até uma equipe com um drone, equipado com câmera de alta definição, capaz de filmar e fotografar à distância.
Isolados no pavilhão, os presidiários rebelados ficaram sem água, luz e alimentação como parte da tática da polícia para sufocar o motim. No início da noite, outros dois carros com agentes do Bope aumentaram o contingente de policiais destacados para o conflito. Além do controle do conflito, os agentes tinham como preocupação manter as demais seis galerias controladas. Ao todo estima-se que 90 homens estão encarcerados nesta ala. Segundo o Depen, atualmente o presídio abriga 455 internos, em 67 celas, um número superior à capacidade do complexo que foi inaugurado em 1996, com capacidade para receber 360 detentos. Há três anos, uma ampliação aumentou para 430.
Ao longo de toda a tarde foi grande a movimentação na região. Curiosos e dezenas de familiares dos detentos foram para a porta da cadeia em busca de informações. A todo momento novos boatos causaram desespero entre mães e mulheres que aguardavam por notícias. “Meu filho está preso na galeria sete. Há pouco mais de um mês, quando o encontrei pela última vez, ele havia me relatado que o clima estava muito tenso. A insatisfação era grande e era possível que acontecesse uma rebelião”, afirmou a mãe de um jovem de 24 anos, condenado por tráfico de drogas.
A mulher de outro presidiário contou que, há aproximadamente um ano, a quantidade de roupas e alimentos levados pelas famílias foi limitada. “Meu marido reclama que só pode ter duas mudas de roupa”, explicou.
Segundo informações do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), cerca de 30 agentes trabalham na operação da unidade - cerca de 20 no plantão diurno e 10 no noturno. “A quantidade de agentes é quatro vezes menor do que determina o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, de cinco presos para cada agente. Na PEM essa proporção é de 22”, afirmou o sindicato em nota no site da instituição.
Esta rebelião em Maringá é a quarta registrada este ano no sistema penal do Paraná. Em janeiro, os presos fizeram um motim na Penitenciária Estadual de Ponta Grossa. Em julho, seis agentes foram feitos reféns na Casa de Custódia de Curitiba. Já no dia 11 do mês passado uma facção criminosa explodiu o muro da Penitenciária Estadual de Piraquara 1, o que possibilitou a fuga de 28 detentos.
Por meio de nota, o Depen informou que o motim estava “isolado” na galeria sete e que a situação estava “controlada” e que não houve registro de feridos.
Há pouco mais de um mês, quando o encontrei pela última vez, ele havia me relatado que o clima estava muito tenso"