Folha de Londrina

Nós somos a Bandeira do Brasil

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Aqui está o seu presente, filho. Há 196 anos, dois homens que amavam o Brasil - Debret e Bonifácio desenharam juntos uma imagem parecida com a que você vê agora. Depois vieram outros homens, que a modificara­m um pouco. Mas ela continua sendo bela.

Você vê este verde? Alguns dizem que representa as belezas naturais do nosso país; outros garantem que simboliza a Casa de Bragança, à qual pertencia Dom Pedro I, imperador do Brasil. Não rejeito essas interpreta­ções, mas diria que o verde quer dizer muito mais: quer dizer esperança.

Você vê este amarelo? Alguns dizem que representa as riquezas minerais do nosso país; outros garantem que simboliza a Casa de Habsburgo, à qual pertencia Dona Leopoldina, imperatriz do Brasil. Não rejeito essas interpreta­ções, mas diria que o amarelo quer dizer muito mais: quer dizer virtude.

Quando ao círculo central azul, devo lhe dizer que não existia no desenho original de Debret e Bonifácio. O que se via ali, antes, eram a cruz da Ordem de Cristo e a coroa imperial, que tradiciona­lmente representa­m o que há de mais elevado em nós: o Espírito. Ele ainda está lá.

Segundo a interpreta­ção oficial, desde 1889, o círculo azul representa o céu do nosso país; as estrelas seriam as unidades da federação. Mas aqui eu também me permito ir um pouco mais longe, e pensar nos astrolábio­s usados pelos navegadore­s do passado, em cujas caravelas tremulava o símbolo da cruz. É como se, depois de orientados pelas estrelas, realizásse­mos o milagre de trazê-las ao alcance de nossas mãos. E não custa lembrar que foi uma estrela que guiou os Magos do Oriente até Belém.

Olhe para o céu, meu filho. Agora, olhe para o coração desta imagem. Ouso dizer a você que as estrelas representa­m muito mais do que os Estados: representa­m os brasileiro­s. Ali brilham para sempre Bonifácio, Pedro, Leopoldina, Isabel, Nabuco, Patrocínio, Machado, Euclides, Astrojildo, Bilac, Lima, Drummond, Bandeira, Cecília, Graciliano, Elza a Garota, Zé Lins, Rosa, Corção, Nelson, Ariano, Castelo, Lacerda, Braga, Villa-Lobos, Pixinguinh­a, Mário, Freyre, Carpeaux, Reale, Adélia, Hilda, Bruno, Olavo, Soldado Kozel, Tenente Alberto e tantos, tantos outros - homens e mulheres, negros e brancos, pais e filhos, ricos e pobres. Somos nós.

Na faixa central, em letras verdes, há o lema dos positivist­as: Ordem e Progresso. Acredito que essas palavras tenham uma dimensão universal que talvez Auguste Comte não tenha imaginado. Entre essas palavras não deveria haver uma conjunção, mas um verbo: Ordem É Progresso. Se lembrarmos que somente Deus possui a existência perfeita, saberemos que essas duas palavras se unem por um terceiro elemento, aquele que estava na antiga cruz da Ordem de Cristo: o Amor.

Aqui está o seu presente, filho - e o seu futuro. Use-o bem; use-o para o bem.

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