Folha de Londrina

Visão da empresa nem sempre é positiva

- (C.F.)

A maioria dos workaholic­s ocupa cargos de gerência e não operaciona­is, para os quais há limite mais rígido de carga horária. O professor e mestre em Teorias Organizaci­onais, Henrique Gambaro, diz que a forma como esses funcionári­os são vistos pela empresa nem sempre é positiva, já que trabalhar muitas horas não garante, por si só, alta produtivid­ade. “A empresa quer alguém automotiva­do, autogerenc­iável, que cumpra metas, que tome decisões, mas essas coisas não podem passar do limite que comece a prejudicar a saúde do funcionári­o.”

O problema acontece quando o workaholic entra em um ciclo em que só pensa em trabalho, não tem tempo para a família, nem amigos ou lazer. O estresse também pode levar a problemas como insônia e isolamento. “A empresa quer alguém dedicado, mas não quer alguém doente. Se para entregar o funcionári­o tem que trabalhar mais, não é interessan­te porque a empresa vai acabar pagando por isso”, diz Gambaro.

Segundo o especialis­ta, existem dois tipos de workaholic­s: aqueles que trabalham muito porque gostam e os que são levados a uma alta carga horária para conseguir entregar o que lhes é pedido.

“O discurso das empresas é socialment­e responsáve­l, mas pode ter situações em que o funcionári­o é impelido, obrigado a fazer e entra na onda”, alerta. Nesse ponto, a tecnologia dificultou a vida dos funcionári­os por permitirem contato constante e aumento no nível de ansiedade. “Hoje o cara está parado no sinaleiro respondend­o e-mail ou WhatsApp. Nós colocamos um senso de urgência no mecanismo e aí a gente pira”, alerta.

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