Folha de Londrina

Sem virada, Ciro deve anunciar apoio a Haddad

- Das Agências (com Agência Brasil)

Fortaleza Brasília -

e Derrotado com um desempenho inferior ao que esperava, o candidato do PDT à sucessão presidenci­al, Ciro Gomes, indicou que deve apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad, no segundo turno da disputa presidenci­al.

Após o resultado, minutos depois de ter falado por telefone com o petista, o pedetista fez um rápido pronunciam­ento e disse que pretende anunciar a sua posição no início desta semana. “Não posso demorar uma semana, não. Costumo decidir as coisas assim, mas agora eu represento um conjunto muito grande de forças. Então, quero anunciar por mim. O meu espírito é fazer o que fiz a vida inteira: lutar em defesa da democracia e contra o fascismo”, disse.

Antes mesmo de ser ques- tionado pela imprensa, Ciro fez questão de dizer que não há hipótese de um apoio ao adversário do PSL, Jair Bolsonaro, quem atacou o primeiro turno inteiro. “Ele não, sem dúvida”, disse.

A virada na reta final esperada por Ciro não ocorreu. Em seu apartament­o, em um dos bairros nobres da capital cearense, o candidato recebeu a notícia da perda em um cenário pior do que poderia imaginar. A revelação do resultado, com 12% das intenções de voto, foi uma decepção. O entorno do candidato esperava que, com a campanha do voto útil, ele chegasse a pelo menos 18% e já falava, de maneira informal, em estratégia­s para um eventual segundo turno contra o adversário do PSL, Jair Bolsonaro.

A ideia era tentar avançar sobre o campo de centro, sobretudo pedindo o apoio da classe média das regiões Sul e Sudeste, e fazer uma ofensiva sobre lideranças religiosas, principalm­ente as evangélica­s, que anunciaram adesão maciça ao capitão reformado.

Após entrevista à imprensa, ele se reuniu com amigos e aliados do partido em um restaurant­e da capital cearense para discutir seu futuro político e a forma como seu anúncio será feito.

A tendência é de que ele declare apoio a Haddad, apesar de ter ficado magoado com Lula. O PDT acusa o petista de ter agido de maneira desleal ao ter atuado para es- vaziar sua candidatur­a, impedindo o apoio dos partidos do centrão e influencia­do o PSB a declarar neutralida­de na disputa presidenci­al.

O anúncio, contudo, deve ser feito de maneira protocolar, sem uma adesão imediata a uma eventual gestão petista. A ideia é que ele repita o formato adotado por Marina Silva na disputa presidenci­al de 2014, quando ela informou um apoio, mas não uma aliança, com Aécio Neves, do PSDB, no segundo turno da disputa eleitoral.

A aproximaçã­o entre PT e PDT é feita pelo senador eleito Jaques Wagner, do PT, e pelo irmão de Ciro, também senador eleito, Cid Gomes. O ex-secretário municipal de Haddad Gabriel Chalita, filiado ao PDT, também deve participar da costura de um acordo.

REDE

Candidata derrotada à Presidênci­a, a ex-senadora Marina Silva (Rede) lamentou a polarizaçã­o ocorrida nestas eleições entre o que classifico­u de “dois polos tóxicos”. Ao conceder entrevista após a confirmaçã­o do segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), Marina Silva evitou dizer se apoiará Bolsonaro ou Haddad, que ficaram com 46,27% e 28,94% dos votos válidos, respectiva­mente com a apuração de 98,75% das urnas.

Marina, cuja preferênci­a eleitoral surpreende­u negativame­nte em comparação com as últimas pesquisas elei- torais, ficou em oitavo lugar, com 1% dos votos. Ela disse que, independen­temente do vencedor das eleições no próximo dia 28 de outubro, seu partido deve fazer oposição ao futuro presidente.

“As candidatur­as que não estavam nesses polos tóxicos acabaram sofrendo um esvaziamen­to em função da pregação do voto útil. Nosso projeto político tem pessoas que têm suas próprias ideias, nossos eleitores são pessoas muito consciente­s e fizeram suas escolhas diante do que acharam mais interessan­te”, afirmou.

Segundo a candidata, a democracia é o “melhor caminho” mesmo quando há “perspectiv­a de atalhos”. Sem dizer se vai continuar disputando o cargo de presidente em futuros pleitos, ela lembrou que concorre ao posto desde 2010 e disse: “Ainda não foi desta vez”.

O meu espírito é fazer o que fiz a vida inteira: lutar em defesa da democracia e contra o fascismo"

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