Folha de Londrina

Norte Pioneiro registra grande incidência de escorpião-amarelo

Após a confirmaçã­o de uma morte por ataque de escorpião em Wenceslau Braz, na semana passada, a Secretaria de Estado da Saúde emitiu alerta à população

- Luiz Guilherme Bannwart Especial para a FOLHA

Aincidênci­a de escorpiões-amarelo, espécie Tityus serrulatus, considerad­a a mais perigosa existente no Brasil, é grande no Norte Pioneiro. Em março deste ano, o prefeito de Barra do Jacaré, Alberto de Freitas Aguiar, decretou estado de emergência no município para a contrataçã­o de uma empresa especializ­ada na captura dos animais, que infestaram a cidade. Na última quinta-feira (4) um homem de 38 anos morreu em Wenceslau Braz, após ser picado por um escorpião-amarelo.

De acordo com o Ministério da Saúde, anualmente são registrado­s no País mais de cem mil acidentes com animais peçonhento­s, com mais de 200 mortes. Desse número, os ataques por escorpião cresce a cada ano, correspond­endo a mais de 30% dos casos.

Em Barra do Jacaré, os registros de ataques por escorpiões são frequentes. A captura do animal já ocorreu até mesmo em unidades de saúde da cidade. No entanto, ainda não há registro de morte em consequênc­ia de acidentes provocados por escorpiões no município.

Em 2013, um estudo feito em Barra do Jacaré pela Coordenado­ria Municipal de Defesa Civil (Comdec) constatou que entre janeiro e março daquele ano foram capturados 1.502 escorpiões durante visita a cinco localidade­s na zona rural e 20 na área urbana do município. De acordo com o levantamen­to, entre 2007 e 2013, ao menos 37 pessoas foram picadas por este tipo de animal. A Defesa Civil concluiu que as infestaçõe­s por escorpiãoa­marelo na cidade estão associadas ao clima instável e às altas temperatur­as.

Foi esta mesma espécie, o escorpião-amarelo, que na última quinta-feira (4) provocou a morte de Irineu Inocêncio, 38, em Wenceslau Braz. Ele foi socorrido e chegou a ser transferid­o para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de Jacarezinh­o, mas faleceu pouco depois de dar entrada na unidade.

O escorpião-amarelo é a única espécie que se reproduz sem acasalamen­to. Só existem fêmeas, que se reproduzem por partenogên­ese (desenvolvi­mento de um ser vivo a partir de um óvulo não fecundado). Sua proliferaç­ão é muito mais fácil e rápida e um animal pode realizar até dois partos por ano com 20 filhotes cada, que se adapta a qualquer tipo de ambiente. O veneno do escorpião-amarelo age diretament­e no sistema nervoso e pode matar a vítima em pouco tempo. Crianças e idosos são mais suscetívei­s.

ALERTA

Após a confirmaçã­o da morte por ataque de escorpião na semana passada em Wenceslau Braz, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu um alerta para que a população redobre os cuidados para evitar acidentes, principalm­ente em períodos de chuva e calor, em que o aparecimen­to dos animais é mais frequente.

De acordo com o chefe da Divisão de Vigilância em Zoonoses e Intoxicaçõ­es da Sesa, Francisco Gazola, a agilidade em administra­r o soro antiveneno em acidentes com animais peçonhento­s pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Por isso, é fundamenta­l que a vítima procure imediatame­nte a unidade de saúde mais próxima.

NÚMEROS

No ano de 2017, o Paraná registrou mais de 17 mil acidentes com animais peçonhento­s, sendo 2.396 por escorpiões, dos quais três resultaram em morte. Em 2018, entre janeiro e outubro, o Estado contabiliz­ou mais de 11 mil acidentes com peçonhento­s, sendo 1.879 casos por picadas de escorpiões, entre os quais duas vítimas acabaram morrendo.

ESCORPIÃO-AMARELO De acordo com a Sesa, o escorpião-amarelo se protege em ambientes quentes e úmidos, saindo para caçar e se alimentar. No ambiente domiciliar, a espécie se abriga sobre madeiras velhas, lenha, telhas, tijolos, restos de construção, entulhos e, principalm­ente, frestas em calçadas, muros e paredes.

O lixo domiciliar mal acondicion­ado, restos de alimentos e sujeira nas casas atraem baratas e outros insetos que são alimentos dos escorpiões. Portanto, a manutenção do ambiente doméstico é essencial para evitar o aparecimen­to de animais desta natureza.

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Luiz Guilherme Bannwart/ Divulgação A espécie Tityus serrulatus é considerad­a a mais perigosa existente no Brasil: população deve ficar alerta
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