Turquia promete ‘verdade’ sobre morte de jornalista
Correspondente do jornal The Washington Post foi assassinado dentro do consulado da Arábia Saudita
Istambul - A Turquia prometeu neste domingo (21) revelar a “verdade nua e crua” sobre a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro no consulado da Arábia Saudita em Istambul, depois que Riad admitiu o óbito. “Estamos à procura de justiça aqui e isso será revelado em toda a sua verdade nua e crua”, reforçou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que prometeu uma declaração sobre o tema na terça-feira (23).
O reino saudita admitiu no sábado que Khashoggi, colunista do jornal The Washington Post e crítico do regime de Riad, foi assassinado dentro do consulado. Durante duas semanas, o governo do país negou a morte e afirmou que o jornalista havia deixado o consulado. Riad anunciou a demissão de cinco altos funcionários e a detenção de outros 18 como resultado de uma investigação preliminar. Neste domingo, o ministro saudita das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, afirmou ao canal americano Fox News que o governo não sabe onde está o corpo.
Al-Jubeir disse que os líderes sauditas acreditavam inicialmente que Khashoggi havia deixado o consulado em Istambul, onde foi visto pela última vez em 2 de outubro. Mas depois dos “relatórios que recebíamos da Turquia”, as autoridades sauditas começaram uma investigação que determinou que o jornalista foi assassinado na representação diplomática.
De acordo com fontes turcas, Khashoggi foi torturado e assassinado brutalmente por agentes sauditas que viajaram com este objetivo de Riad. E segundo vários jornais turcos, o corpo do jornalista, colaborador do Washington Post, teria sido esquartejado. Para alguns analistas ocidentais, as destituições e detenções são uma forma de apontar bodes expiatórios e de manter afastado do caso o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, considerado o homem forte do reino e para quem Khashoggi era um “inimigo”.
O homicídio tem muitos aspectos nebulosos e autoridades ocidentais pediram mais explicações. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que “houve enganos e mentiras” por parte do governo saudita, mudando sua postura de dar o benefício da dúvida a Riad, embora tenha mencionado que o príncipe herdeiro poderia não estar a par. “Há uma possibilidade de que (o príncipe) tenha descoberto mais tarde. Pode ser que algo no prédio tenha dado errado”, disse Trump ao jornal Washington Post.
Grã-Bretanha, França e Alemanha afirmaram em um comunicado conjunto que existe “uma necessidade urgente de esclarecimento” sobre as circunstâncias da morte “inaceitável” do jornalista. A Anistia Internacional afirmou que as conclusões sauditas não são dignas de confiança e pediu uma investigação independente. A Repórteres Sem Fronteiras pediu a continuidade da pressão sobre Riad.
A Anistia Internacional afirmou que as conclusões sauditas não são dignas de confiança