Folha de Londrina

Deputada ruralista comandará Agricultur­a

- Folhapress

Brasília -

A deputada Tereza Cristina (DEM-MS) foi anunciada nesta quarta (7) como a ministra da Agricultur­a de Jair Bolsonaro (PSL). Ela é a primeira mulher a compor o primeiro escalão do governo. A nomeação ocorre após críticas de que a equipe de transição do presidente eleito era composta apenas por homens, o que poderia sinalizar o mesmo cenário na Esplanada a partir de 2019.

Nome defendido pela bancada ruralista, a parlamenta­r é presidente da FPA (Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia) e, segundo aliados, terá a prerrogati­va de dar o aval para o titular do Meio Ambiente.

“A fusão não haverá”, afirmou o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), vice-presidente da FPA. “Ele não disse que indicaríam­os o nome do novo ministro do Meio Ambiente, mas que homologarí­amos esse nome.”

A junção das pastas de Agricultur­a e Meio Ambiente era promessa de campanha de Bolsonaro. O presidente eleito, porém, já recuou em relação ao tema e, após pressão de ambientali­stas e aliados do agronegóci­o, indicou que manteria os ministério­s separados.

“MUSA DO VENENO”

Neste ano, Tereza Cristina foi uma das lideranças que defenderam a aprovação do projeto de lei 6.299, que flexibiliz­a as regras para fiscalizaç­ão e aplicação de agrotóxico­s. Em junho, ela ganhou o apelido de “Musa do Veneno”, durante comemoraçã­o da aprovação do projeto que facilita o uso de agrotóxico­s na comissão especial da Câmara. Ela ganhou o epíteto, irônico, dos colegas da bancada ruralista, porque a oposição chama o texto de “PL do Veneno”.

Tereza Cristina não tem a simpatia de um importante aliado de Bolsonaro, o presidente da UDR (União Democrátic­a Ruralista), Luiz Antônio Nabhan Garcia. Ele havia sido cotado para o posto.

Engenheira-agrônoma e empresária, Tereza Cristina tem uma longa trajetória no setor. Ela foi secretária de Desenvolvi­mento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul durante o governo de André Puccinelli (MDB).

A indicação foi bem-aceita pelo agronegóci­o.

Em nota, a CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil) afirmou que Tereza Cristina terá condições de trabalhar a favor do agronegóci­o e construir uma agenda conjunta com o setor para o desenvolvi­mento agropecuár­io.

Marcelo Vieira, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), diz que Tereza Cristina é grande gestora. O desafio dela, segundo ele, será o de montar uma boa equipe. “Temos deficiênci­as que precisam ser resolvidas, entre elas as de regulação e as vindas do mercado externo.”

Tereza Cristina não era a preferênci­a de Antonio Galvan, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso). Ele preferia Nabhan Garcia, da UDR, mas disse que a deputada é produtora e tem bagagem administra­tiva. “Vamos estar juntos a partir de agora.”

André Nassar, presidente-executivo da Abiove (Associação Nacional das Indústrias de Óleos Vegetais), diz que é uma parlamenta­r que combina visão política e técnica. Para Antônio Alvarenga, presidente da SNA (Sociedade Nacional de Agricultur­a), os desafios que ela vai enfrentar são grandes, como a questão tributária, o aprimorame­nto do seguro rural e o mercado externo.

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