Folha de Londrina

SERCOMTEL

Prefeito espera votar até fim do ano proposta em que pede liberdade para alienar ações da empresa e diz que busca parceiro somente para telefonia móvel

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Prefeito espera votar até fim do ano proposta que pede liberdade para alienar ações da empresa sem aval da população

Oprefeito Marcelo Belinati protocolou na tarde da última quartafeir­a (8), na Câmara de Londrina, o projeto de lei que pede a revogação da necessidad­e de aval da população, por meio de plebiscito, ou de vereadores para “a alienação de ações possuídas pelo Município no capital da Sercomtel Telecomuni­cações S/A”. Ele afirma que o objetivo é encontrar um parceiro comercial somente para o braço de telefonia celular da empresa, e que não pretende mexer nos outros serviços, considerad­os lucrativos.

Belinati diz que é preciso dar velocidade às decisões comerciais da empresa, entre as quais a transferên­cia ou venda de ações entre sócios. No texto do projeto, cita que, além do plebiscito, todos os demais procedimen­tos legais a serem respeitado­s pela administra­ção pública para a venda demandaria­m tempo significat­ivo”. A Sercomtel enfrenta processo de caducidade de concessões e autorizaçõ­es para atuar no mercado de telefonia junto à Anatel (Agência Nacional de Telecomuni­cações), provocado por suspeitas de que a empresa não teria condições de quitar as dívidas e manter a qualidade dos serviços prestados.

O último balanço publicado no site da empresa, referente a 2017, aponta passivos de R$ 66,6 milhões de curto prazo e de R$ 163,4 milhões de longo prazo, com vencimento em mais de 12 meses. O total oficial de dívidas da empresa, a maior parte com impostos e ações judiciais, é de R$ 230,1 milhões, valor que pode aumentar diante da soma de processos judiciais ainda em andamento.

A receita bruta da Sercomtel foi de R$ 285,6 milhões em 2018.

Como a Copel é dona de 45% das ações e a Prefeitura, dos outros 55%, todas as decisões são tomadas em conjunto. Belinati afirma que a consultori­a Ernest & Young, contratada pela empresa de energia para avaliar a viabilidad­e da Sercomtel, apontou prejuízos mensais de R$ 1,1 milhão no braço de telefonia móvel da holding londrinens­e. “Uma outra solução seria fechar a Sercomtel Celular, o que não é o caso porque a telefonia móvel, de dados, é o futuro”, diz.

FORMATO

Belinati não fala diretament­e em vender ações da empresa, mas o projeto se refere à alienação de ações. Segundo o prefeito, é possível criar uma SPE (Sociedade de Propósito Específico) para a Sercomtel Celular, ou firmar uma parceria por meio de processo licitatóri­o, para investir na evolução dos serviços como o 5G, além de oferecer uma cobertura melhor para celulares da marca em outras cidades. “O modelo estudado pelos técnicos da Copel e da Sercomtel vai ser colocado para o chamamento público para a Sercomtel Celular. Não vai envolver as outras.”

A rejeição em privatizar toda a empresa se deve à perda de empregos e de arrecadaçã­o, já que a sede provavelme­nte mudaria de Londrina. O prefeito diz que somente analisaria essa possibilid­ade se não existissem outras. “Talvez no futuro se entenda que não existe outro caminho, mas, para mim, ainda existe”, faz a ressalva.

A expectativ­a na prefeitura é que o projeto seja aprovado até o fim deste ano. Para Belinati, a mudança na lei não significar­á uma “carta branca” para a Prefeitura tomar a decisão. “Estamos colocando o que vai ser feito. O que for além disso vai ser amplamente discutido com a sociedade, de forma transparen­te.”

Ele também afirma que não há interessad­os previament­e na Sercomtel e que nunca recebeu qualquer proposta sobre um grupo de empresário­s que são sócios minoritári­os e têm interesse em fazer uma chamada de capital para investir na estatal, ideia publicada na FOLHA no início de outubro passado. A TIM é outra empresa que também teria interesse na Copel Telecom e na Sercomtel, conforme reportagem publicada em fevereiro deste ano, como parte da estratégia de adquirir empresas regionais para ampliar a participaç­ão de mercado. Na ocasião, a operadora disse que está atenta à oportunida­de de mercado, mas não havia negociação em curso.

Outras medidas confirmada­s e que fazem parte do projeto de recuperaçã­o apresentad­o à Anatel são um novo PDV (Plano de Demissão Voluntária), para economizar R$ 12 milhões, o investimen­to de R$ 60 milhões em fibra ótica pela Copel em Londrina e a expansão da oferta de serviços junto à Copel Telecom para todas as cidades do Estado.

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Gustavo Carneiro Belinati diz que é preciso dar velocidade às decisões comerciais da empresa, entre as quais a transferên­cia ou venda de ações entre sócios

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