Folha de Londrina

Um verdadeiro banho de água fria pós-eleitoral

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OBrasil dá sinais de que começa a se recuperar da pior crise econômica da sua história, mas duas notícias desta semana indicam que a cultura do Estado perdulário, que criou o abismo em que o País esteve metido nos últimos anos, ainda está bem viva.

Relatório divulgado pelo Tesouro Nacional apontou aumento do número de unidades federativa­s que extrapolar­am o limite de despesas com salários e aposentado­rias estipulado na LRF (Lei de Responsabi­lidade Fiscal): no ano passado, 16 Estados e o Distrito Federal gastaram mais de 60% da receita com o funcionali­smo, enquanto em 2016 haviam sido nove.

Na quarta-feira (7), o Senado aprovou reajuste de 16,38% nos salários de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e fez o teto do funcionali­smo público saltar de R$ 33.763,00 para R$ 39.293,32. A matéria, se tiver sanção presidenci­al, vai gerar um efeito cascata com impacto estimado de R$ 1,2 bilhão aos cofres da União e de R$ 2,6 bilhões para os Estados.

Na semana seguinte ao segundo turno de eleições marcadas (mais uma vez) por esperança de mudança, as duas notícias foram um verdadeiro banho de água fria em qualquer euforia pós-eleitoral. Os novos gestores eleitos em outubro terão que lidar com essa difícil realidade nos próximos quatro anos, e se discursos de “herança maldita” não faltaram durante as campanhas, é de se esperar que se multipliqu­em conforme os escolhidos pelo eleitor se deparem com os detalhes do que tanto disputaram para administra­r.

O que causa mais ceticismo e desânimo, entretanto, é que as propostas desses administra­dores recém-eleitos para resolver os problemas das finanças públicas costumam ser tão genéricas quanto as promessas de vida melhor que embasaram a gastança patrocinad­a pelos desalojado­s no voto.

O discurso de equilíbrio das contas públicas é salutar, mas anda sendo tão utilizado que se tornou um lugar-comum. Cabe à população cobrar que essa equação seja perseguida como prioridade e por meio de medidas efetivas, para que o País não volte a mergulhar na crise. Isso passa por uma mudança de cultura que vai muito além de trocar os números a serem digitados na urna eletrônica.

Duas notícias desta semana indicam que a cultura do Estado perdulário ainda está bem viva

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