Moro diz que vai aproveitar parte das dez medidas anticorrupção Exército blinda generais do Alto Comando em reunião com Bolsonaro
Brasília
- O juiz federal Sérgio Moro, futuro ministro de Justiça e Segurança Pública no governo Jair Bolsonaro, disse nesta quinta-feira (8) que há várias medidas e planos em gestação sobre combate à corrupção e ao crime organizado. Entre elas, Moro afirmou que irá aproveitar uma parte das propostas constantes nas dez medidas contra a corrupção apresentadas ao Congresso por projeto popular.
“As eleições deixaram claro que há grande insatisfação da população com a segurança pública. Esse é um problema sério, difícil, que precisa ser equacionado. Em parte por medidas executivas, em parte por projeto de lei. É o momento propício para a apresentação de projetos legislativos. As 10 medidas estão dentro desse radar”, afirmou o magistrado, que falou brevemente com a imprensa após reunião nesta quinta com o ministro da Justiça, Torquato Jardim.
“Algumas das propostas (das 10 medidas) serão resgatadas e algumas talvez não sejam tão pertinentes agora quanto no passado e novas devam ser inseridas”, afirmou Moro.
Ao lado de Torquato Jardim, Moro falou em dar “continuidade aos bons projetos que vêm sendo executados. “Não sou daqueles que assumem reclamando que existe herança maldita.”
Sobre o que pretende propor quando assumir a pasta, que fundirá os ministérios da Justiça e da Segurança Pública, o futuro ministro disse que pretende propor medidas fortes, simples, para serem aprovadas em tempo breve, dentro dos dois pontos basilares de sua futura gestão, o combate à corrupção e ao crime organizado.
O ministro Torquato Jardim, em breve pronunciamento, disse que conversou com Moro sobre estrutura do ministério da Justiça, orçamento e atividades prioritárias da pasta. Desejou sorte a Moro e disse que “o seu sucesso será o sucesso do Brasil”.
Brasília
- Em um movimento discreto, o Comando do Exército blindou os 15 generais do Alto Comando da Força ao evitar que eles participassem da reunião ocorrida na terçafeira (6) com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Como o deputado federal terá o papel de escolher, logo no início do governo, o novo comandante a partir de uma lista de nomes a ser encaminhada pelo Ministério da Defesa, o Exército optou por não deixar que, num encontro institucional na sede da Força, assuntos de interesse do órgão fossem tratados previamente pelos “candidatos naturais” ao cargo, nem que eles ficassem expostos a questionamentos mais diretos do presidente eleito.
A decisão de não facilitar uma reunião oficial do Alto Comando com Bolsonaro é interpretada também como mais um sinal da preocupação que o Exército tem sobre uma politização de oficiais da ativa durante o futuro governo, um cenário hipotético considerado nefasto e que deve ser evitado em cada detalhe.
Para o Exército, a escolha do novo comandante deve obedecer critérios objetivos e ter o respaldo da instituição, amenizando a influência pessoal do presidente nos destinos da Força.
Ainda que exista um amplo apoio entre os militares para o sucesso do governo de Bolsonaro, o Comando quer restringir ao máximo eventuais interferências políticas na tropa, potenciais ameaças à disciplina e à hierarquia, pilares das organizações militares. Nesse contexto, evitar que Bolsonaro dialogasse diretamente com um futuro comandante da tropa foi uma medida profilática apoiada pelos próprios generais.
O Alto Comando é formado pelos generais da patente mais alta na hierarquia no Exército, os generais-de-Exército, conhecidos como “quatro estrelas”. Sairá desse grupo a lista de potenciais ocupantes do comando da Força, hoje ocupado pelo general Eduardo Villas Bôas.