Ato da militância tem apoio de Haddad e Gleisi
Curitiba - Sem poder acompanhar o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo do sítio em Atibaia (SP), que aconteceu a portas fechadas, na tarde dessa quarta-feira (14), apoiadores realizaram um ato nas proximidades da JFPR ( Justiça Federal do Paraná), no bairro Ahú, em Curitiba. A presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, o exministro da Educação Fernando Haddad, que disputou as eleições presidenciais, e parlamentares da sigla conversaram com a militância e com a imprensa.
Haddad chegou à capital paranaense no começo da manhã, em voo de carreira. Visitou Lula na Superintendência da PF (Polícia Federal), pela segunda vez desde a derrota para Jair Bolsonaro (PSL-RJ), e seguiu até a JFPR. Apesar de também ser advogado do petista, não entrou no prédio, por não ser nomeado no processo, e foi embora pouco tempo depois. “Ele (Lula) estava bem preparado, tranquilo, lendo as questões das outras testemunhas”, contou, em referência à visita.
O ex-ministro disse que a conversa com Lula não girou em torno da futura nomeação do juiz federal Sergio Moro, até então responsável por julgar as ações da Lava Jato em primeira instância, para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Discutimos só a questão técnica”. Haddad também foi cauteloso ao comentar o que espera da juíza substituta Gabriela Hardt, que conduziu a oitiva. “Não a conheço propriamente, nem acompanhei o trabalho dela”.
Gleisi Hoffmann, por sua vez, não economizou nas críticas. “Tudo o que pedimos foi que Lula fosse submetido a um processo justo, com juízes isentos, e que fosse respeitado o devido processo legal. Sergio Moro não é um juiz isento. Juiz isento não faz política. Ministério da Justiça é cargo político, e não técnico. Se cargo técnico fosse, faria-se concurso pú- blico”, comentou.
De acordo com a senadora, o fato de Moro aceitar tão rapidamente assumir a função no governo Bolsonaro mostra que o magistrado tem lado. “Preparou para outro ganhar a eleição e, o que é mais grave ainda, não se exonerou do cargo. Tirou férias por quê? Para que a juíza substituta, que é amiga dele, pudesse continuar o julgamento e seguir, portanto, o seu roteiro, que é condenar o presidente Lula. É uma barbaridade, uma aberração isso”.
ATO
O clima no entorno da JFPR era de tranquilidade. A movimentação foi bem menos intensa do que a registrada em setembro do ano passado, quando Lula foi interrogado por Moro. Naquela ocasião, centenas de caravanas se deslocaram até Curitiba para acompanhar.
Desta vez, cerca de cem militantes, a maioria integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Frente Povo Sem Medo, compareceram. Eles levaram cartazes e faixas em apoio ao ex-presidente. Lula chegou de carro, sob escolta, por volta de 13h30, e entrou diretamente no prédio. Não foi possível ver o petista.
A PM (Polícia Militar) bloqueou alguns locais da praça em frente à sede da Justiça, permitindo apenas a passagem de pessoas registradas. Alguns motoristas que passavam de carro buzinavam. Houve tanto gritos favoráveis como contrários ao ex-presidente, mas nenhum registro de confusão.