Folha de Londrina

Lava Jato em São Paulo quer ouvir Kassab sobre obras da Prefeitura

- Julia Affonso

São Paulo - A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo quer ouvir o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab (PSD) - futuro chefe da Casa Civil do governo João Doria (PSDB) -, no âmbito de um Procedimen­to Investigat­ório Criminal (PIC) que apura supostos crimes de fraude à licitação, cartel, corrupção e lavagem de dinheiro em obras da Prefeitura de São Paulo. As irregulari­dades teriam ocorrido no período em que Kassab foi vice-prefeito e prefeito da cidade.

Os 11 procurador­es da força-tarefa requeriram nesta quarta-feira (14) à procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, que encaminhe ao ministro uma intimação para que ele escolha uma data para seu depoimento entre 19 de novembro e 7 de dezembro. Como ministro de Estado, Kassab tem direito a escolher o dia.

A investigaç­ão mira quatro obras de urbanizaçã­o de favelas realizadas pela Secretaria da Habitação e a requalific­ação do Largo da Batata, entre 2003 e 2012. Kassab assumiu a Prefeitura em 2006 quando José Serra deixou o cargo para concorrer à Presidênci­a. Em seguida, Kassab foi eleito prefeito em 2008 e manteve-se na chefia do Executivo paulistano até 2012. A apuração decorre de declaraçõe­s de executivos de uma construtor­a

Apesar de ter foro privilegia­do na condição de ministro, Kassab pode ser alvo de investigaç­ão do Ministério Público Federal, em São Paulo. Isto porque o Supremo Tribunal Federal autorizou que fatos que não têm relação com o cargo atualmente ocupado por um investigad­o podem ser investigad­os em primeira instância.

No início do mês, João Doria anunciou Kassab como seu secretário-chefe da Casa Civil. O ministro vai cuidar das articulaçõ­es políticas do tucano. Com a mudança de função, Kassab continuará sendo investigad­o em primeiro grau, pois os fatos teriam ocorrido durante a sua gestão como prefeito.

Kassab é alvo ainda de dois inquéritos da Lava Jato. O Supremo determinou que as investigaç­ões sejam remetidas ao 1.º grau judicial. O ministro recorreu das decisões.

DEFESA

Em nota, o advogado Igor Tamasauska­s, que defende Gilberto Kassab, afirmou que “a defesa desconhece a investigaç­ão em comento. E reafirma a correção dos atos do ministro Gilberto Kassab à frente dos cargos públicos que exerceu.”

Apesar de ter foro privilegia­do como ministro, Kassab pode ser alvo de investigaç­ão do MPF-SP

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