Folha de Londrina

‘Problema é falta de estrutura para atendiment­o’

- Pedro Marconi Reportagem Local

Segundo a Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégic­a do Ministério da Saúde), o Paraná tem 924 profission­ais ligados ao programa Mais Médicos atualmente em atividade. Em Londrina, são 28. Para o presidente da AMP (Associação Médica do Paraná), Nerlan Carvalho, a iniciativa é uma “aberração” e teve “viés ideológico”. Para Carvalho, a maneira como a parceria foi criada, por meio da Organizaçã­o Pan-Americana da Saúde, e a participaç­ão de profission­ais de Cuba, foi errada por não exigir a realização do Revalida, exame que reconhece os diplomas de médicos que se formaram no exterior e querem atuar no Brasil. “Esses médicos vêm para trabalhar aqui recebendo uma bolsa, com a maior parte ficando para Cuba, no caso dos cubanos, e com um registro provisório emitido pelo MEC (Ministério da Educação) e não pelo conselho federal, pois este se recusou a emitir registro do CRM (Conselho Regional de Medicina)”, justificou.

Carvalho declarou que nos últimos cinco anos muitas cidades dispensara­m médicos brasileiro­s em detrimento de estrangeir­os, com o objetivo de reduzir gastos com saúde, uma vez que o profission­al do Mais Médicos tem ganhos menores. “Quando o governo federal criou o programa alegou a falta de médicos, porém não se voltou para o verdadeiro problema, que é a falta de estrutura para atendiment­o”, pontuou. Ele acredita que com a decisão de Cuba de deixar o programa, os médicos brasileiro­s serão beneficiad­os, pois deverão ocupar as vagas.

O presidente da AMP também defendeu que seja estabeleci­da uma carreira para o médico, a exemplo dos juízes. Esta seria uma maneira de levar profission­ais brasileiro­s para localidade­s remotas. Hoje, as vagas nos locais menos atrativos são preenchida­s por profission­ais do Mais Médicos, que em sua maioria são estrangeir­os, principalm­ente cubanos. “Com isso os médicos teriam que ser realocados com estrutura, isto inclui enfermagem e laboratóri­o, para que ele fique instalado com dedicação exclusiva naquela cidade, carga de oito horas diárias. Na medida que progride pode ir migrando para municípios maiores”, reforçou.

A PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) 454 seria uma maneira de promover a carreira do médico. Ela estabelece diretrizes para a organizaçã­o da atividade única de médico de Estado. A proposta está parada no Congresso Nacional. Nerlan Carvalho ainda creditou à criação do Mais Médicos ao aumento dos cursos de medicina no Brasil. De 2003 a 2018 foram criados mais de 178 novos cursos, com o número de vagas saltando de 19 mil para 31 mil.

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