AMP defende investimento maior em saúde
A AMP (Associação Médica do Paraná) defende um maior investimento do governo federal na saúde. Levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina), divulgado na terça-feira (13) e que foi tema de reportagem na FOLHA, apontou que o Brasil gasta, em média, R$ 1.271,65 por habitante ao ano na saúde pública. Se o valor fosse corrigido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o valor subiria para R$ 1,8 mil. Para o presidente da AMP, Nerlan Carvalho, a federação não cumpre o que determina a Constituição para a área.
“A concepção do SUS (Sistema Único de Saúde), dentro dos seus princípios, é maravilhosa, porém na prática deixa a desejar. Isso porque demanda verba e investimento permanentes e quando se fala nisso, a própria Constituição não é cumprida, pois ela prevê a aplicação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) pela nação, 12% pelos governos estaduais e 15% pelos municipais na saúde”, destacou.
Dados da ONU (Organização das Nações Unidas), publicados no início de 2018, mostraram que o Brasil tem destinado para a saúde 7,7% de seu orçamento geral. O porcentual é inferior à média mundial e se aproxima ao de países africanos. “Deste modo temos um desinvestimento federal, que nos últimos dez anos obrigou o fechamento de 41 mil leitos hospitalares no País. Se for olhar o motivo de fechar é a falta de verbas”, relatou. “Quem está na linha de frente, prestando atendimento, são os municípios. Quem supre essa falta de investimento federal são Estado e município e isso compromete as receitas dos dois”, acrescentou.
De acordo com Carvalho, existe uma falta de reconhecimento financeiro nos valores repassados pela União pelos serviços prestados no SUS pela classe médica. Ele afirmou que o clínico geral, por exemplo, recebe por consulta R$ 2,70, e o especialista, R$ 7. Para um procedimento cirúrgico, como cesariana, toda a equipe, que inclui anestesista, cirurgião, auxiliar, o repasse é de R$ 150. “A classe médica é abnegada e está sendo desprezada financeiramente ano após ano.”
No caso dos hospitais, em especial os filantrópicos, o repasse por dia para internação de um paciente, segundo o presidente da AMP, é de cerca de R$ 30. “Isso é irrisório e o hospital não aguenta. Então se vê obrigado a remanejar verbas de outros setores para suprir. Este desinvestimento penaliza a população, que está na fila, aguardando procedimento ou consulta há anos”, advertiu. O orçamento anual da União para 2019 prevê investimento de R$ 129,8 bilhões na saúde. Em 2018 foi R$ 119,2 bilhões e em 2017 R$ 110,2 bilhões.
O Conselho Federal de Medicina também mostrou que o Paraná é o décimo Estado no ranking de gasto público com saúde. Nerlan Carvalho, que é angiologista e cirurgião vascular, frisou que a informação preocupa a associação, porém a situação do Estado é melhor do que a de outras localidades. “Ainda temos uma rede de saúde para atendimento ajustada dentro do que se consegue fazer. Com certeza outros Estados, principalmente os do Nordeste, sofrem muito mais com essa necessidade”, citou.
O médico indicou que é preciso repensar como o dinheiro é investido em saúde no Brasil, com os governantes melhorando a gestão e o planejamento. “A necessida- de que temos é permanente e é que o governo busque resgatar a qualidade da saúde para a população. Quando se fala em saúde não são apenas médicos em geral, são enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogas”, elencou. “Investir em saúde não é construir unidade de saúde, é manter o sistema funcionando.”
SINAM
Em meio aos problemas enfrentados no SUS, a AML (Associação Médica de Londrina) irá apresentar oficialmente na cidade no dia 27 de novembro o Sinam (Sistema Nacional de Atendimento Médico). O sistema tem a finalidade de atender a população que saiu dos planos de saúde por falta de condições de pagamento, mas que ao mesmo tempo não quer ficar dependente de forma exclusiva do atendimento público.
Iniciado no Paraná, o projeto existe há 22 anos, funcionando também em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Sinam reúne médicos associados à AML, além de acesso a hospitais conveniados e parceiros, como laboratórios e farmácias. Neste sistema, o paciente paga R$ 140 de taxa administrativa por ano, com renovação a cada 12 meses. As consultas e demais serviços oferecidos são aproximadamente 50% mais baratos se comparados com o serviço particular, custando R$ 150, preço que é fixo para consultas.
Em Londrina estão disponíveis neste primeiro momento 44 especialidades. Todos os 900 médicos associados à instituição no município foram convidados a participar, com adesão quase total. “São médicos especialistas com toda a formação acadêmica e títulos, que foram avaliados. É uma relação direta do usuário com o médico. Pode-se incluir em uma mesma matrícula os dependentes que desejar. A escolhe é livre pelos profissionais referenciados”, explicou a médica Beatriz Tamura, presidente da AML. O cadastro é feito por meio do site www.sinam.com.br.