3,1 milhões procuram vaga há pelo menos dois anos
Em relação ao patamar pré-crise, no terceiro trimestre de 2014, houve um aumento de 175% no total de pessoas
Rio de Janeiro e São Paulo - O País alcançou no terceiro trimestre um recorde de 3,197 milhões de pessoas em busca de emprego há pelo menos dois anos, 35 mil a mais nessa situação em relação ao trimestre anterior, segundo os dados da Pnad-C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgados nesta quarta-feira (14), pelo IBGE.
“Esse número poderia até ser maior. Ele não está tão grande porque muitas pessoas desistiram de procurar. É uma situação grave, porque gera desalento”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Em relação ao patamar pré-crise, no terceiro trimestre de 2014, houve um aumento de 175% no total de pessoas procurando emprego há pelo menos dois anos. Segundo Cimar Azeredo, quanto mais tempo a pessoa está procurando trabalho, mais difícil de encontrar um emprego. O Brasil tinha 12,5 milhões de pessoas procurando um emprego no terceiro trimestre, sendo que mais de 5 milhões buscavam uma vaga há mais de um ano.
A taxa de desemprego no Estado de São Paulo, principal mercado de trabalho do País, recuou de 13,6% no segundo trimestre do ano para 13,1% no terceiro trimestre. No entanto, o Estado ainda tinha 3,323 milhões de desempregados, além de outros 1,202 milhão de subocupados, pessoas que trabalhavam menos horas do que gostariam. O desalento - fenômeno que ocorre quando alguém deixa de procurar emprego por acreditar que não conseguiria uma vaga, por exemplo - atingiu 407 mil pessoas na região no terceiro trimestre.
Entre as Unidades da Federação, Roraima foi a única com avanço considerado estatisticamente significativo na taxa de desemprego Em meio à crise de imigração, a taxa de desocupação em Roraima subiu de 11,2% no segundo trimestre de 2018 para o patamar recorde 13,5% no terceiro trimestre. “Há grande fluxo de imigrantes chegando a Roraima”, lembrou Azeredo.
“Foi o único Estado onde a desocupação cresceu, mas a gente não pode afirmar que foi por causa da imigração”, ponderou.
O total de desempregados em Roraima aumentou de 19 mil pessoas no terceiro trimestre de 2017 para 30 mil no terceiro trimestre de 2018, 11 mil pessoas a mais em busca de uma vaga no período de um ano. Em relação ao segundo trimestre de 2018, houve crescimento de cinco mil pessoas na população desempregada.
SERVIÇOS
A queda de 0,3% no volume de serviços prestados no País em setembro confirmou as expectativas de um mês fraco para a atividade econômica. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo IBGE, após a indústria e o comércio varejista já terem mostrado perdas em relação a agosto.
“Esse resultado de setembro de alguma forma encerra o período de grande volatilidade observada no setor de serviços, provocada pela greve de caminhoneiros desde o mês de maio”, ressaltou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE: “Passada a turbulência, o setor se estabilizou ali no patamar pré-greve, que é o patamar de abril.”
“O mês de setembro de 2018 não poupou nenhum dos grandes setores da economia”, resumiu o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), em nota.
A recuperação dos serviços no País deve ficar para 2019, prevê a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que estima uma retração de 0,2% no setor este ano, o quarto ano consecutivo de quedas.
No terceiro trimestre, porém, os serviços cresceram 0,8%, maior alta desde o primeiro trimestre de 2014, o que deve ajudar a manter o PIB do período no azul.