Um filme com veia poética
Um circo, uma família, um século e muitas histórias. O filme “O Grande Circo Místico”, que chega às salas de cinema nesta quinta-feira (15), conta a saga dos Knieps, que fundaram um circo que foi passando de geração para geração.
O longa é inspirado em um musical, criado em 1983 com músicas de Edu Lobo e Chico Buarque, e que foi montado em cima do poema de mesmo nome do alagoano Jorge de Lima (1893-1953).
“Não vi o espetáculo, que teve poucas sessões, mas tomei conhecimento da trilha sonora, que é maravilhosa. Como adoro o trabalho do Jorge, tive a ideia de transformar em filme”, conta o diretor Cacá Diegues.
O diretor fez questão de afastar a obra do realismo. “Queríamos que o filme fosse o contrário do naturalismo. Também era a chance de recuperar um pouco da arte barroca brasileira, que é uma belíssima expressão artística”, diz Diegues.
De forma suave e no tom certo, com doses de sensualidade, “O Grande Circo Místico” vai mostrando uma gama variada de personagens. Começa com o apaixonado Fred (Rafael Lozano), que monta o circo por conta de sua paixão pela artista Beatriz (Bruna Linzmeyer), passando pelo frio Jean Paul (Vincent Cassel), o conservador Oto (Juliano Cazarré) e a forte Margarete (Mariana Ximenes), responsável por algumas das cenas mais fortes.
“A Margarete tem um jeito muito próprio de se expressar. Ela cria uma dor física para suportar a dor psicológica. Ela se mutila para apaziguar a dor”, conta Mariana.
“Quem costura todos esses anos é o mestre de cerimônias Celavi (Jesuíta Barbosa), único personagem que permanece por todo o filme. “Ele não aparece no poema nem no musical. Precisamos criá-lo para fazer essa costura”, conta Diegues.
Filmado em um circo em Portugal, “O Grande Circo Místico” ainda tem no elenco Antonio Fagundes, Marcos Frota, Luiza Mariani, as gêmeas Amanda e Louise Britto, o polonês Dawid Ogrodnik e a francesa Catherine Mouchet.
CHANCE NO OSCAR
O filme “O Grande Circo Místico” vive um outro momento de expectativa. Ele será o representante brasileiro para disputar uma vaga no Oscar do ano que vem, como melhor filme estrangeiro.
“Vamos trabalhar por ele. Logo após o lançamento, vamos viajar para Los Angeles e fazer alguns encontros”, conta o diretor, Cacá Diegues.
Ele acredita que o prêmio seria importante para a produção de cinema nacional, mas não vê derrota caso o filme não entre na disputa. “É um troféu importante, que ajuda a dar visibilidade à nossa produção, mas não é o fim do mundo se não acontecer. Não tenho nada contra ganhar, mas também não tenho nada contra não ganhar”, afirma Diegues.
EMPODERAMENTO
Um dos destaques do filme “O Grande Circo Místico” está na forte presença das personagens femininas na história. O diretor Cacá Diegues, que dividiu o roteiro com George Moura, ressaltou a presença das mulheres.
“Quando comecei a trabalhar na história, há cerca de dez anos, não pensamos em um filme feminista. Mas, olhando o filme pronto, sem dúvida as mulheres têm o destaque”, afirma.
Diegues lembra que a história acabou sendo um resultado natural da importância da valorização das mulheres ganharam na sociedade. “Isso acontece desde o começo. O Fred (Rafael Lozano) monta um circo por conta da paixão que ele tem pela Beatriz (Bruna Linzmeyer)”, completa.