Folha de Londrina

MIGRAÇÃO -

Daiane Freire falou pela primeira vez à Justiça e afirmou que não se lembra do desastre que matou duas pessoas

- Pedro Moraes Reportagem Local

Autoridade­s americanas prenderam 42 pessoas após confrontos durante protesto em Tijuana, na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Quase cem migrantes foram deportados após manifestaç­ão na grade divisória entre os dois países

Daiane Cristina Freire, 37 anos, acusada de causar o acidente que matou Eliede dos Santos Oliveira, 42, e Jean Goulart Camargo, 26, na madrugada do dia 1ºde maio, na esquina das avenidas Guilherme de Almeida e Dez de Dezembro, na zona sul, prestou de depoimento na 1ª Vara Criminal de Londrina, na tarde de segunda-feira (26). A técnica de análises clínicas respondeu às perguntas da juíza substituta Claudia Andrea Bertolla Alves, mas preferiu não se pronunciar diante dos questionam­entos do advogado de acusação Mário Barbosa, que trabalha como assistente do Ministério Público. “Eu não saí da minha casa para matar ninguém. Não tive intenção”, afirmou Freire, nitidament­e nervosa.

A ré, que é acusada por homicídio doloso eventual, ainda disse em juízo que não lembrava dos fatos até momentos depois do acidente. “Eu estava indo para casa, sem pressa. Lembro de ter descido do carro. Fui tentar prestar socorro a uma das vítimas. Medi o pulso, mas dois homens disseram para eu não tentar reanimá-lo”, explicou a acusada, que falou pela primeira vez sobre o caso. Provocada por sua defesa, conduzida pelo advogado Thiago Issao Nakagawa, Daiane Freire afirmou que se sentiu acuada na delegacia no dia do acidente, quando foi detida em flagrante. “O perito perguntou se eu tinha noção do que eu tinha feito. E verbalment­e disse ‘vou f... com sua vida’”, disse à juíza. Ela ainda afirmou que não foi instruída pelos policiais de que teria o direito de não fazer o teste do bafômetro.

Em suas últimas alegações, a ré fez questão de demonstrar pesar da morte das vítimas do acidente. Ela disse que está fazendo quinzenalm­ente um tratamento psicológic­o e que recebeu ameaças por meio das redes sociais. Daiane Freire inclusive demonstrou interesse em se manifestar para as famílias. “Eu gostaria muito de pedir perdão às famílias, mas tenho medo”, afirmou. A acusada é moradora do Conjunto Cafezal, atualmente cursa a faculdade de farmácia, trabalha em um laboratóri­o de análises clínicas e tem um filho de sete anos.

Uma das primeiras pessoas a chegar ao local do acidente, o policial militar Fernando Ferreira da Costa, do 5º Batalhão, que não havia comparecid­o à audiência, na quarta-feira (21), prestou esclarecim­entos a pedido da defesa. Agora o processo entrou na fase das alegações finais e as partes terão períodos específico­s para se pronunciar. Em seguida, a juíza irá determinar se o caso irá para o tribunal do júri. A decisão pode sair ainda este ano. Na primeira audiência, a soldado Débora Maria Melendes, também do 5º BPM, afirmou que acompanhou a motorista à 4ª DP e que teria informado que ela não era obrigada a fazer o exame no etilômetro.

Os familiares das vítimas fizeram um protesto silencioso, em frente à sala de audiência. A mãe de Jean Goulart Camargo, Susete Goulart, falou ao fim da audiência. “Ela passa por nós com a cabeça erguida. Parece estar debochando da nossa dor. Afirma está sendo ameaçada. Não por nós”, defendeu. A expectativ­a da família é que a Daiane Freire seja levada para o júri. “Todo dia o meu sofrimento recomeça. Tenho meu filho na minha mente todo o tempo. A única esperança que hoje tenho é que seja feita alguma justiça”, concluiu.

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Guillermo Arias/AFP
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Anderson Coelho/21-11-2018 “Todo dia o meu sofrimento recomeça. Tenho meu filho na minha mente todo o tempo”, diz Susete Goulart
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