Cristiana Brittes deve ser denunciada por homicídio
Curitiba
- Esposa do assassino confesso do jogador Daniel Freitas, Cristiana Brittes também deverá ser denunciada por homicídio pelo MPPR (Ministério Público do Paraná). A previsão é que a denúncia seja apresentada nesta terça-feira (27). No relatório do inquérito policial, ela foi indiciada apenas por coação de testemunhas e fraude processual, porque teria ajudado a limpar a cena do crime.
No entendimento do promotor de Justiça João Milton Salles, contudo, Cristiana foi determinante para o crime, conforme ele declarou ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, em reportagem veiculada no último domingo (25).
Salles sugeriu que a conduta de Cristiana levou Daniel a “acreditar que poderia fazer aquelas brincadeiras que estava fazendo”. Quando as agressões começaram, ao invés de tentar evitar o crime, ela teria determinado que o jogador fosse retirado da casa para que a execução fosse concluída.
Em nota, a defesa de Cristiana Brittes repudiou as declarações do promotor à reportagem. “É estarrecedor o argumento de que seria ela a causadora dos crimes de importunação sexual e tentativa de estupro dos quais foi vítima, enquanto dormia em seu quarto. A defesa tem convicção que mulher alguma pode ser responsável por ser vítima da própria violência sexual sofrida. Roupas, maquiagem, maneira de ser ou agir não são justificativas para que predadores sexuais ataquem mulheres em nossa sociedade. A defesa técnica de Cristiana Rodrigues Brittes lamenta as infelizes declarações do promotor de Justiça e reitera à sociedade que a mulher jamais será culpada por ser vítima de agressões físicas, emocionais ou sexuais”, diz a nota.
Preso no dia 15 por suspeita de envolvimento no assassinato do jogador Daniel Freitas, Eduardo Purkote teve a prisão temporária revogada pela Justiça e deixou a carceragem da delegacia de São José dos Pinhais na tarde desta segunda-feira (26). A defesa de Purkote espera que ele não chegue a ser denunciado pelo MPPR. Ele passaria a ser considerado apenas mais uma testemunha.
Purkote foi inicialmente ouvido nesta condição, mas acabou tendo a prisão temporária pedida pela polícia após ser acusado de participar das agressões. Ao encerrar o inquérito, o delegado responsável pelo caso, Amadeu Trevisan, disse que a investigação não esclareceu a participação de Purkote no dia do assassinato. “Os depoimentos ora colocam ele em cena, ora tiram”, disse o delegado, na última quarta-feira (21).
O advogado de Purkote, Ricardo Dewes, disse que houve tentativa de incriminar seu cliente. “Foi uma represália por ele ter contado a versão verdadeira dos fatos e não a mentira que eles estavam querendo contar”, disse Dewes à FOLHA, por telefone. Segundo o advogado, Purkote foi uma das testemunhas que sofreram ameaças. “Ele teme por sua vida”, disse.