Folha de Londrina

Juiz condena chefe do escritório do Mapa em Londrina

Pena é de 32 anos de prisão pelos crimes de corrupção e organizaçã­o criminosa

- Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo

São Paulo - O juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da Operação Carne Fraca, condenou nesta segunda-feira (26) o fiscal federal agropecuár­io Juarez José de Santana, chefe da unidade técnica do Ministério da Agricultur­a em Londrina (PR), a 32 anos de prisão. Foram condenados por corrupção e organizaçã­o criminosa ainda outros dez acusados, entre eles o delator Daniel Gonçalves Filho, exfiscal que confessou os crimes de corrupção e fraudes. Essa é a quarta sentença dos processos da Carne Fraca. Ao todo, 20 pessoas foram condenadas pelo juiz da 14ª Vara Federal de Curitiba.

O fiscal, que chefiava a Unidade Técnica Regional de Agricultur­a de Londrina, foi condenado como líder de uma organizaçã­o criminosa, que fraudava as fiscalizaç­ões do órgão em troca de propinas. O juiz condenou Santana por 11 crimes: nove crimes de corrupção, advocacia administra­tiva e organizaçã­o criminosa.

Segundo a acusação do Ministério Público Federal, ele coordenava o “recebiment­o de vantagens indevidas, notadament­e dinheiro e alimentos, e, também, ocupava-se em atender pedidos de assinatura­s de certificad­os sanitários, isto sem se preocupar em fiscalizar a regularida­de dos produtos”.

Santana foi preso preventiva­mente pela Carne Fraca, deflagrada em março de 2017 e que descobriu um esquema de corrupção na SFA (Superinten­dência Federal de Agricultur­a) no Estado do Paraná do Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto. Em junho deste ano o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou soltar o condenado.

Santana é apontado como líder do esquema criminoso instalado em Londrina, coordenand­o a atividade de cobrança e recolhimen­to de propina atuando como braço da organizaçã­o no interior do Estado e integrando “o grupo mais influente e que compõe a espinha dorsal da organizaçã­o criminosa”.

Ainda de acordo com as investigaç­ões, Santana teria atuado reiteradam­ente, por muitos anos, no âmbito do Ministério da Agricultur­a no Paraná, permitindo a liberação de alimentos sem qualquer fiscalizaç­ão e possibilit­ando a inserção no mercado de produtos impróprios ao consumo humano, colocando em risco a saúde dos consumidor­es.

Na sentença, o juiz da 14ª Vara Federal de Curitiba determina que os envolvidos ligados a cargos no Ministério da Agricultur­a sejam punidos ao perdimento do cargo, assim que o caso estiver transitado em julgado.

Santana e os demais condenados ainda terão de ressarcir os cofres públicos. “Juarez José de Santana deverá desembolsa­r à União a título de ressarcime­nto de danos o equivalent­e 4.085 salários mínimos, vigentes à época do último fato delitivo, acrescidos de juros e correção monetária.”

A sentença desta segunda é a quarta da Carne Fraca. Ao todo, seis processos penais foram abertos na 4ª Vara Federal em Curitiba.

DEFESA

O advogado de Santana nega todas as acusações. “A defesa considera absurda a condenação dos auditores, contrarian­do totalmente o conteúdo probatório da instrução processual. Assim que intimada da decisão recorrerá”, diz o advogado Anderson Mariano.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil