Folha de Londrina

G-20 começará com 20 mil policiais e temor de piora da economia global

Para tentar diminuir tensão, os presidente­s dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, vão se reunir em atividade paralela

- Altamiro Silva Junior e Anne Warth

Buenos Aires - A reunião de líderes do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, começa nesta sextafeira (30) em Buenos Aires com a segurança da cidade reforçada por 20 mil homens e em meio ao crescente temor de perda de fôlego do cresciment­o da economia mundial, sobretudo devido aos efeitos do aumento da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China.

Nesta quinta-feira (29), foi a vez da agência de classifica­ção de risco Moody’s alertar para a possibilid­ade de desacelera­ção da atividade tanto nos países desenvolvi­dos como nos emergentes. A Moody’s prevê que os países desenvolvi­dos que fazem parte do G-20 devem crescer 2,3% neste ano, ritmo que em 2019 pode cair para 1,9%. Entre os emergentes, a estimativa é de alta de 5% em 2018 e 4,6% em 2019.

Os estrategis­tas do banco americano Morgan Stanley também alertam para o risco de freada nos EUA, que já registram um dos maiores ciclos de cresciment­o de sua história, mas que pode estar chegando perto do fim. Em documento preparatór­io para reunião do G-20, o FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) já havia alertado para o aumento dos riscos de piora do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, mencionand­o os efeitos da maior tensão comercial no planeta.

A OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico) afirmou que a piora da questão comercial já afetou a atividade em 2018 e deve seguir afetando em 2019. Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) têm dado declaraçõe­s sobre o esfriament­o da atividade, o que tem contribuíd­o para deixar os mercados nervosos.

Para tentar ao menos diminuir esta tensão, os presidente­s dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, vão se reunir em atividade paralela ao G-20, no sábado (1º). A expectativ­a dos economista­s e observador­es internacio­nais é baixa para o encontro. “É altamente improvável que qualquer acordo marque o início de um recuo completo da guerra comercial”, afirmou o economista global da consulto- ria inglesa Capital Economics, Andrew Kenningham. Na avaliação da Moody’s, o clima entre os dois países vai azedar ainda mais em 2019.

Mesmo após três dias de reuniões preparatór­ias do G-20, o secretário de assuntos internacio­nais do Ministério da Fazenda, Marcello Estevão, ressalta que os países ainda não chegaram a um consenso sobre a forma de tratar a questão comercial no comunicado final da reunião, que termina no sábado. “A questão é como tipificar essa tensão no comunicado e a linguagem não está definida ainda. Ainda está sendo negociada”, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Para o governo do Brasil, houve aumento da tensão comercial no mundo nos últimos meses, disse ele, mas os Estados Unidos não enxergam assim. “Do ponto de vista dos EUA, não tem tensões maiores, e o que estaria acontecend­o este ano seria simplesmen­te o resultado de vários anos de distorções de comércio que agora se desembocam. E este seria mais um capítulo.”

Na avaliação de Estevão, aumentou o risco de desacelera­ção do cresciment­o mundial, mas 2019 ainda deve ter expansão forte. No caso americano, como a economia está crescendo muito e em pleno emprego, é natural que ocorra uma desacelera­ção, disse o secretário.

SEGURANÇA

Os primeiros líderes mundiais começaram a chegar na quarta-feira (28) a Buenos Aires e, na manhã desta quinta-feira (29), o presidente da França, Emmanuel Macron, chegou à capital argentina e na sequência foi recebido pelo anfitrião, o mandatário argentino Mauricio Macri. Trump deve aterrissar na capital por volta das 23 horas (de Brasília) desta quinta-feira. Para receber os chefes de Estado, Buenos Aires está desde quarta-feira com uma série de ruas fechadas, incluindo para o tráfego de pedestres.

A cada quarteirão na região próxima dos hotéis onde os membros do G-20 vão ficar hospedados, policiais montaram pontos de verificaçã­o e só são autorizado­s a passar os participan­tes do evento.

É altamente improvável que qualquer acordo marque o início de um recuo da guerra comercial”

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Ludovic Marin/AFP O presidente francês Emmanuel Macron foi recebido pelo anfitrião Mauricio Macri

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