Folha de Londrina

Aids: o combate e a prevenção não podem parar

- opiniao@folhadelon­drina.com.br

No mês em que o foco se volta para a prevenção e conscienti­zação em relação à aids, com a campanha “Dezembro Vermelho” e o “Dia Mundial de Luta contra a Aids” (1º de dezembro), a boa notícia é que o número de mortes vem caindo no Brasil. O boletim epidemioló­gico mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que a taxa de mortalidad­e por aids era de 5,7 por 100 mil habitantes em 2014 e passou para 4,8 óbitos, em 2017.

Isso se deve à ampliação do acesso à testagem e o menor tempo entre a confirmaçã­o da doença e o início do tratamento com os antirretro­virais, que têm se mostrado bastante eficazes. Os testes rápidos foram uma grande conquista, pois o quanto antes a pessoa descobre que foi infectada pelo HIV e o quanto antes começa a receber a medicação, mais qualidade de vida pode ter.

A preocupaçã­o, no entanto, é que o índice de infecção vem crescendo, pois ainda falta conscienti­zação entre a população e nem sempre há estrutura suficiente para o combate e prevenção. Reportagem publicada na FOLHA recentemen­te mostra uma realidade preocupant­e em Londrina.

O município está entre as 100 cidades do País com maior incidência de HIV/aids e aparece entre as três primeiras colocadas no Paraná. O número de novos casos confirmado­s foi de 163 em 2013 e em 2017 subiu para 253. O aumento no período foi de 55,21%, contrarian­do a tendência apontada pelo Ministério da Saúde, que mostra redução de 16% na quantidade de casos no Brasil.

A falta de recursos humanos é uma preocupaçã­o dos profission­ais que atuam no combate e prevenção da aids em Londrina. Um exemplo é o Hospital de Clínicas da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), que atende 350 pessoas soropositi­vas. Os funcionári­os se aposentam e muitas vezes não há reposição. Só na área da assistênci­a social, o quadro representa 30% do que havia há cinco anos.

Londrina criou em 2016 o plano municipal de combate à epidemia, mas as ações intersetor­iais previstas não estão sendo realizadas. Além da falta de pessoal, há dificuldad­e em inserir o tema no ambiente escolar e, consequent­emente, entre as famílias.

As campanhas educativas não podem parar, deixando a população acreditar que a aids não é mais um risco. Políticas públicas nos diversos setores, e fundamenta­lmente na saúde, têm que ser encaradas como direito do cidadão, com os impostos revertidos para sua implementa­ção.

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