Folha de Londrina

O maravilhos­o país das coincidênc­ias

- por Paulo Briguet Fale com o colunista: avenidapar­ana@folhadelon­drina.com.br

O Brasil é mesmo o país das coincidênc­ias.

Em março de 1985, bem no dia de tomar posse como presidente, Tancredo Neves foi internado às pressas. Passou um mês na UTI, sofreu 11 intervençõ­es cirúrgicas e morreu de septicemia no Dia de Tiradentes. Seu vice José Sarney assumiu o poder e fez um dos mandatos mais desastroso­s da história da República, coroado em 1989 com a hiperinfla­ção.

Em outubro de 1992, um mês após o impeachmen­t do presidente Fernando Collor, o deputado Ulysses Guimarães morreu na queda de um helicópter­o. Também estavam na aeronave o senador Severo Gomes e as esposas dos dois políticos. Os corpos nunca foram encontrado­s.

Em junho de 1996, o empresário Paulo César Farias, pivô do impeachmen­t de Collor, foi encontrado morto a tiros, ao lado de sua namorada.

Em janeiro de 2002, o prefeito de Santo André, Celso Daniel, um dos líderes mais importante­s do PT e coordenado­r da campanha de Lula à Presidênci­a, foi sequestrad­o, torturado e morto. Curiosamen­te, os seus companheir­os de partido disseram tratar-se de um crime comum, sem qualquer motivação política. Uma infeliz coincidênc­ia. Como também devem ter sido coincidênc­ias as outras sete mortes de pessoas relacionad­as ao caso, entre elas o garçom que atendeu Celso Daniel na noite do crime, o agente funerário que reconheceu o corpo do prefeito, o médico legista que identifico­u marcas de tortura no cadáver e um dos sequestrad­ores da vítima.

Em agosto de 2014, o candidato presidenci­al Eduardo Campos morreu na queda de um avião, quando seu nome decolava nas pesquisas.

Em janeiro de 2017, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, também morreu na queda de um avião, em Paraty.

Em setembro de 2018, o candidato presidenci­al Jair Bolsonaro sofreu um atentado em Juiz de Fora. O homem que o esfaqueou, o garçom desemprega­do Adélio Bispo dos Santos, foi militante de um partido de extrema-esquerda e contou com a defesa de quatro advogados caríssimos. Dias depois do crime, faleceu a dona da pensão em que Adélio ficou hospedado.

Em novembro de 2018, os pais do empresário Rodolfo Giannetti Geo morreram em um desastre aéreo em Minas Gerais. No mesmo dia, o ex-presidente Lula foi denunciado por lavagem de dinheiro em um caso que envolve o Instituto Lula, o governo da Guiné Equatorial e o grupo ARG. Rodolfo Giannetti Geo é o controlado­r do ARG.

Só eu estou maravilhad­o com tantas coincidênc­ias em um só país?

Celso Daniel, PC Farias, Tancredo Neves, Eduardo Campos, Bolsonaro e outros fazem do Brasil a pátria dos casos inexplicáv­eis

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