O maravilhoso país das coincidências
O Brasil é mesmo o país das coincidências.
Em março de 1985, bem no dia de tomar posse como presidente, Tancredo Neves foi internado às pressas. Passou um mês na UTI, sofreu 11 intervenções cirúrgicas e morreu de septicemia no Dia de Tiradentes. Seu vice José Sarney assumiu o poder e fez um dos mandatos mais desastrosos da história da República, coroado em 1989 com a hiperinflação.
Em outubro de 1992, um mês após o impeachment do presidente Fernando Collor, o deputado Ulysses Guimarães morreu na queda de um helicóptero. Também estavam na aeronave o senador Severo Gomes e as esposas dos dois políticos. Os corpos nunca foram encontrados.
Em junho de 1996, o empresário Paulo César Farias, pivô do impeachment de Collor, foi encontrado morto a tiros, ao lado de sua namorada.
Em janeiro de 2002, o prefeito de Santo André, Celso Daniel, um dos líderes mais importantes do PT e coordenador da campanha de Lula à Presidência, foi sequestrado, torturado e morto. Curiosamente, os seus companheiros de partido disseram tratar-se de um crime comum, sem qualquer motivação política. Uma infeliz coincidência. Como também devem ter sido coincidências as outras sete mortes de pessoas relacionadas ao caso, entre elas o garçom que atendeu Celso Daniel na noite do crime, o agente funerário que reconheceu o corpo do prefeito, o médico legista que identificou marcas de tortura no cadáver e um dos sequestradores da vítima.
Em agosto de 2014, o candidato presidencial Eduardo Campos morreu na queda de um avião, quando seu nome decolava nas pesquisas.
Em janeiro de 2017, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, também morreu na queda de um avião, em Paraty.
Em setembro de 2018, o candidato presidencial Jair Bolsonaro sofreu um atentado em Juiz de Fora. O homem que o esfaqueou, o garçom desempregado Adélio Bispo dos Santos, foi militante de um partido de extrema-esquerda e contou com a defesa de quatro advogados caríssimos. Dias depois do crime, faleceu a dona da pensão em que Adélio ficou hospedado.
Em novembro de 2018, os pais do empresário Rodolfo Giannetti Geo morreram em um desastre aéreo em Minas Gerais. No mesmo dia, o ex-presidente Lula foi denunciado por lavagem de dinheiro em um caso que envolve o Instituto Lula, o governo da Guiné Equatorial e o grupo ARG. Rodolfo Giannetti Geo é o controlador do ARG.
Só eu estou maravilhado com tantas coincidências em um só país?
Celso Daniel, PC Farias, Tancredo Neves, Eduardo Campos, Bolsonaro e outros fazem do Brasil a pátria dos casos inexplicáveis