‘É difícil mudar algo que já está arraigado’
Levantamento contratado pela Rede Rotulagem, com 660 consumidores entrevistados em novembro, identificou que 91,4% disseram ter algum grau de preocupação com a saúde. As pessoas ouvidas também foram questionadas sobre quais hábitos consideravam mais importantes para manter uma boa saúde. Ao todo, 92,4% ressaltaram a alimentação equilibrada e 82,6% a prática de exercícios físicos.
Se de um lado as pessoas se mostram cientes do que precisam para ter uma vida saudável, por outro elas demonstram que não colocam isso em prática. A falta de ações efetivas são comprovadas pelos crescentes índices de hipertensos e obesos no Brasil. A nutricionista Vanderli Marchiori chama atenção sobre o obstáculo de sair da zona de conforto e encontrar respaldo na família. “É difícil mudar algo que já está arraigado. É preciso (pensar em) duas questões: a vontade de mudar e ter um entorno que facilite a mudança. Muitas vezes tem a vontade, mas o núcleo familiar não ajuda.”
A especialista sugere uma reflexão de autoconhecimento para saber o limite para a mudança. “Se não conhece até onde pode ir, a pessoa vai ficar um tempo sem comer doce, mas na hora que passar na confeitaria, ao invés de comer um docinho, vai comer várias fatias de bolo para compensar”, observa.
De acordo com Marcio Atalla, que por muitos anos atuou como preparador físico de atletas de alto rendimento, até o final da década de 1980 se comia mais e até pior. A diferença é que a população era fisicamente ativa. “Tinha um meio ambiente que obrigava isso. Mas com a tecnologia tem cada vez mais conforto. É um desafio que muda com educação, mudança de meio ambiente e criação de estratégias”, aponta ele, que já participou de vários programas de televisão voltados ao tema da saúde.
Ele citou um documentário que gravou recentemente em países considerados de primeiro mundo e que oferecem estrutura para o desenvolvimento saudável. Ele recorda a explanação de uma das entrevistadas. “Wendy Suzuki (professora de ciência neural e psicologia em Nova York, nos Estados Unidos) me relatou que por centenas de milhares de anos nosso corpo foi programado para estocar e poupar energia. Com isso, 90% do que fazemos todos os dias, como amarrar o tênis, escovar os dentes, são tarefas automatizadas, que não consomem energia suficiente. Vamos ter que fazer o movimento com os 10% conscientes de atitudes que restaram.”
“90% do que fazemos todos os dias são tarefas automatizadas, que não consomem energia suficiente”