A extrema pobreza e a crise econômica
OBrasil segue na contramão da história quando o assunto é a erradicação da miséria no mundo. Enquanto relatório divulgado este ano pelo Banco Mundial mostrou que o número de pessoas que vivia em extrema pobreza caiu para 10% no planeta no ano de 2015 e com previsão de baixar para 8,6% em 2018, a situação de penúria cresceu no Brasil.
Dados divulgados esta semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que na linha de pobreza definida pelo Banco Mundial (rendimento de até US$ 5,50 por dia ou R$ 406,00 por mês), a proporção de pessoas pobres no Brasil era de 25,7% da população em 2016 e subiu para 26,5%, em 2017. Em números absolutos, variou de 52,8 milhões para 54,8 milhões de pessoas, conforme o estudo do instituto.
Já o contingente de pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia (R$ 140 por mês), que estariam na extrema pobreza pela linha proposta pelo Banco Mundial, representava 6,6% da população do País em 2016, ante 7,4% em 2017. Em números absolutos, aumentou de 13,5 milhões para 15,2 milhões.
Os dados do IBGE comprovam o que vários estudos já sinalizavam, que a crise econômica que se agravou em 2014 vem causando uma profunda crise social pelo País. E no Paraná, a situação não é melhor.
Por aqui, o número de habitantes na extrema pobreza aumentou de 257 mil em 2016 para 350 mil em 2017 no Paraná, ou 36,1%. O avanço proporcional é maior do que o registrado na região Sul (22,0%) e do Brasil (13,3%). O desemprego é o grande vilão, pois tirou renda das famílias e jogou para baixo as condições de sobrevivência com moradia digna, alimentação, saúde e educação de boa qualidade.
O novo estudo do IBGE vem a público dias depois que o presidente Michel Temer sancionou reajuste de 16,38% no salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que é teto do funcionalismo público e deve desencadear aumento em cascata para várias categorias. Quem agora está pleiteando o reajuste são os deputados federais, que recebem hoje R$ 33,7 mil por mês.
É um grande abismo social que expõe a distância entre uma parcela da população cada vez mais miserável e grupos de políticos e funcionários públicos que mantêm altos salários e benefícios variados. Remunerações que são reajustadas independente da situação em que se encontram os cofres do governo federal, dos Estados e dos municípios. Assim, é urgente que o novo governo e parlamentares que tomam posse em 2019 assumam o compromisso de fazer as reformas necessárias para garantir o equilíbrio fiscal e a volta do crescimento.