Folha de Londrina

MPF confirma relatório do Coaf que cita ex-motorista de Flávio Bolsonaro

De acordo com o documento, ex-motorista movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017; uma das transações é um cheque de R$ 24 mil destinado a futura primeira-dama Michele Bolsonaro

- Constança Rezende e Fabio Serapião

Rio de Janeiro e Brasília - O MPF (Ministério Público Federal) divulgou nota na tarde desta quinta-feira (6), em que confirma a existência do relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira­s) sobre movimentaç­ões atípicas envolvendo profission­ais da Alerj (Assembleia Legislativ­a do Rio de Janeiro). O documento faz parte da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro, segundo o MPF, envolvidos em um esquema de pagamento de “mensalinho”.

A nota do MPF foi divulgada após o jornal O Estado de S. Paulo revelar que o relatório cita a existência de uma conta no Itaú em nome do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz com transações financeira­s classifica­das como suspeitas.

O PM foi motorista de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, ambos do PSL, na Assembleia Legislativ­a do Rio de Janeiro e movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017.

Uma das transações elencadas no documento é um cheque de R$ 24 mil destinado a futura primeira-dama Michele Bolsonaro. Segundo o MPF, o relatório foi espontanea­mente difundido pelo Coaf em um processo de compartilh­amento de informaçõe­s entre os órgãos de investigaç­ão.

Ainda de acordo com a nota, o MPF não chancela a divulgação de trechos do documento “exceto se a movimentaç­ão relatada pelo Coaf, após examinada com rigor por equipe técnica, revelar atividade financeira ilegal”.

“Como o relatório relaciona um número maior de pessoas, nem todos os nomes ali citados foram incluídos nas apurações, sobretudo porque nem todas as movimentaç­ões atípicas são, necessaria­mente, ilícitas. A íntegra do documento foi juntada aos autos para confirmar que não houve edição após envio pelo Coaf ”, explicou o MPF.

Fabrício José Carlos de Queiroz foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro deste ano. Registrado como assessor parlamenta­r, Queiroz é também policial militar e, além de motorista, atuava como segurança do deputado.

O Coaf informou que foi comunicado das movimentaç­ões de Queiroz pelo banco porque elas são “incompatív­eis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profission­al e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamenta­r.

DEFESAS

Procurado para se manifestar sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeira­s (Coaf ), que aponta movimentaç­ão financeira atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta, o policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor parlamenta­r do deputado Flávio Bolsonaro, respondeu que não sabe “nada sobre o assunto”.

A chefia de gabinete de Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo PSL-RJ, afirmou que Queiroz trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista do deputado, “com quem construiu uma relação de amizade e confiança”.

A assessoria afirmou ainda que o filho mais velho do presidente eleito não tem “informação de qualquer fato que desabone” a conduta do exassessor parlamenta­r. “No dia 16 de outubro de 2018, a pedido, ele foi exonerado do gabinete para tratar de sua passagem para a inatividad­e”, informou o gabinete, por meio de nota.

Procurada pela reportagem, a assessoria do presidente eleito Jair Bolsonaro não respondeu sobre o assunto até o fechamento da edição, nem sobre o cheque no valor de R$ 24 mil que teria sido destinado a Michelle Bolsonaro. O espaço está aberto para manifestaç­ões. A futura primeira-dama não foi localizada na quarta-feira, 5. O espaço está aberto para manifestaç­ões.

Movimentaç­ões na conta do exPM são “incompatív­eis com o patrimônio”, segundo o Coaf

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