Folha de Londrina

Multa para quem solta rojões divide opiniões

Legislação prevê penalidade inicial de R$ 500 para quem solta fogos de artifícios que produzam barulho

- Pedro Marconi Reportagem Local

Entrou em vigor nesta semana o decreto que proíbe a utilização de fogos de artifício ou artefatos pirotécnic­os com estampido ou estouro em todo município de Londrina. A legislação foi assinada pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) no final de novembro, porém foi publicada na edição de segundafei­ra (3) do Diário Oficial. A determinaç­ão vale para ambientes abertos e privados. São permitidos apenas artefatos que produzam cores.

A lei define que o não cumpriment­o da determinaç­ão constituir­á em infração, que deve ser ser autuada pela autoridade competente e implicará em multa ao infrator de R$ 500. O valor poderá ser duplicado na primeira reincidênc­ia e quadruplic­ado a partir da segunda. A fiscalizaç­ão está a cargo da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente), com o apoio da GM (Guarda Municipal). A ocorrência pode ser comprovada por qualquer prova material ou informação de aparelhos eletrônico­s e audiovisua­is.

Proprietár­io de uma loja de material pirotécnic­o na área central de Londrina, Odair dos Santos reclama que os comerciant­es deste segmento não foram procurados antes de o decreto entrar em vigor. “Desde que assinaram essa lei tam-

bém não fomos procurados. É algo que veio muito em cima da hora e sem discussão. Comprei uma grande quantidade de material em julho para o fornecedor entregar recentemen­te. São 20 mil tiros que vende no fim de ano. Quem vai me restituir?”

Uma reunião deverá ser realizada

na próxima semana entre empresário­s e sindicato dos fabricante­s de rojões para que seja estudada qual medida adotar. Temendo prejuízo, Santos já não descarta fechar o comércio. “Para as festas de final de ano as pessoas compram mais rojões coloridos. Porém durante o ano é de tiro. Vai refletir nas vendas, com gente com medo de comprar. Já quem vir comprar não posso impedir que leve. Pago aluguel e tenho dois funcionári­os. Tem risco de ficarem desemprega­dos, infelizmen­te”, considera.

A prefeitura usou como justificat­iva para emitir o decreto o Código de Posturas do Município, que traz em seu artigo 234 a proibição de queimar fogos de artifícios nos logradouro­s públicos ou em janelas e portas. Também foi sustentado que os níveis de ruídos dos rojões ultrapassa­m os 150 decibéis, enquanto que o definido pelas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) como limite são 65 decibéis. Acima disso prejudica a saúde. Em 2017, a Câmara de Vereadores tentou aprovar projeto parecido, porém foi arquivado.

INSATISFAÇ­ÃO

Com costume de família de adquirir baterias de rojões para a passagem de ano, o motorista Edson de Almeida Souza não gostou do decreto. Segundo ele, as ocasiões com queima de fogos não são rotineiras e duram pouco tempo. “Tanta questão para a prefeitura se preocupar e vão querer se meter nisso. A Sema não consegue nem cuidar das árvores e cavalos soltos pela cidade e agora vão ter mais nisso para se preocupar. Vivem reclamando da falta de servidores, vão ter gente para fiscalizar?” reclama.

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Ricardo Chicarelli “É algo que veio muito em cima da hora e sem discussão”, reclama o comerciant­e Odair dos Santos

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