MP pede a prisão preventiva de João de Deus
Abadiânia - A Promotoria de Justiça de Goiás solicitou nesta quarta-feira (12) a prisão preventiva de João de Faria, conhecido como João de Deus. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do médium. A medida foi tomada cinco dias depois de virem à tona denúncias de abusos sexuais. O pedido ainda precisa ser aceito pela Justiça. As vítimas seriam mulheres que teriam buscado tratamento espiritual com o médium. Até a terçafeira (11), aproximadamente 200 mulheres de mais de oito Estados haviam procurado o Ministério Público para denunciar abusos.
Na manhã desta quarta, o médium fez uma visita tumultuada no Centro Dom Inácio de Loyola. Assim que desembarcou num Ford Ka branco, João de Deus foi cercado por seus funcionários, fez uma visita de menos de 10 minutos à sala de atendimen- to e retornou. Jornalistas acompanharam o trajeto, mas foram impedidos de se aproximar do médium, que fez a primeira visita ao centro depois de ser acusado de abuso sexual.
No trajeto, funcionários gritavam: “Respeitem! Ele vai falar.” A promessa, no entanto, não se concretizou. Apesar do amplo espaço , não foi providenciado um local para a entrevista. O médium saiu sem dar entrevista, mas disse, entre um grito e outro de seus funcionários, que cumpria uma missão dada há 60 anos. E afirmou: “Eu sou inocente”. Esta foi a primeira aparição pública do médium, depois que mulheres vieram a público acusá-lo de abuso sexual.
Na confusão, voluntários chegaram a agredir jornalistas. A chegada no centro ocorreu por volta das 9h20 desta quarta-feira, 12, um horário pouco usual. João de Deus, cujo nome de batismo é João de Faria, horas antes havia desembarcado no aeroporto de Anápolis de um voo procedente de São Paulo.
As denúncias afetaram o movimento da casa, onde atendimentos são realizados. Por volta das 8h30, cerca de 400 pessoas - incluindo crianças e duas pessoas de cadeiras de rodas - aguardavam a chegada do líder espiritual.Isso representa um terço do movimento habitual. Chico Lobo, um dos funcionários da casa, afirmou que três ônibus - de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas - chegaram à cidade. “É menos que o de costume. Mas há também o impacto da proximidade das festas. Nesta época, tradicionalmente o movimento cai”, disse.
Funcionários e voluntários da casa começaram a chegar na casa Dom Inácio de Loyola mais cedo. “Sabíamos que seríamos necessários aqui. Ele sempre esteve presente com seu amor, agora estamos prontos para defendê-lo”, disse Jacilda Oliveira Soares, que desde 1985 frequenta a casa. Há alguns anos, ela se dedica a organizar as filas de atendimento.
Primeiro, ingressam fiéis escolhidos pelo médium para formar a corrente de oração. Eles ocupam uma sala próxima na qual o líder costuma atender e ficam concentrados durante todo atendimento. Para enfrentar as longas horas, muitos trazem travesseiros ou uma almofada especial, dobrável, para proteger as costas e o quadril.
Essas pessoas já estão posicionadas. São cerca de 200. Outras 200, a maioria usando roupas brancas, estão sentadas em cadeiras situadas num pátio coberto, aguardando atendimento. As pessoas são chamadas em grupos, de acordo com a frequência que vem à casa. De acordo com funcionários, mesmo sem a presença de João de Deus, os trabalhos podem ser realizados. “Onde ele estiver, a energia dele estará aqui”, diz Jacilda.
“Ele sempre esteve presente com seu amor, agora estamos prontos para defendê-lo”