Folha de Londrina

Comissão aprova proposta que extingue 9 e cria 2 tributos

- Agência Brasil

A comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (11) o relatório da reforma tributária. A Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) 293/04 extingue nove tributos federais (ISS, ICMS, IPI, PIS, Cofins, Cide, salário-educação, IOF e Pasep), o ICMS estadual e o ISS municipal. Em substituiç­ão a esses impostos, serão criados dois novos tributos: o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS) e o Imposto Seletivo, um imposto sobre bens e serviços específico­s, de competênci­a federal.

O texto ainda precisa ser analisado pelo plenário da Câmara e do Senado. A previsão é de que essas votações aconteçam apenas em 2019, já que apreciação de PECs esbarram no impediment­o de alterações à Constituiç­ão durante vigência da intervençã­o federal - em vigor, até 31 de dezembro, no Rio de Janeiro e em Roraima.

TRANSIÇÃO

O parecer do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) estabelece nova forma de partilha dos tributos arrecadado­s no país e cria um período de transição para o novo sistema, que vai durar 15 anos, dividido em três etapas. Haverá uma fase de convivênci­a do sistema antigo com o novo, em que o primeiro vai desaparece­ndo para dar lugar ao segundo.

A mudança para o novo sistema se dará ao longo de seis anos. As alíquotas dos tributos atuais serão reduzidas anualmente em 20% enquanto os novos tributos sobem na mesma proporção.

A transição se completará com a adequação da distribuiç­ão tributária para a nova, prevista no texto, que será feita ao longo de outros nove anos. Além da fusão ou extinção de tributos, o texto altera as competênci­as tributária­s da União, estados, Distrito Federal e municípios.

Segundo Hauly, essa transição permitirá o ajuste das alíquotas do IBS e do Imposto Seletivo para manter a carga tributária global. “Desse modo, se a nova sistemátic­a se mostrar mais eficiente em termos arrecadató­rios, ou caso se opere uma alteração na tributação da renda e do patrimônio que aumente sua arrecadaçã­o, será possível reduzir as alíquotas dos novos tributos sobre o consumo. Por outro lado, também será possível aumentá-las, no caso de frustração da receita prevista”, explicou o deputado.

NOVOS IMPOSTOS

O IBS será cobrado no destino da mercadoria ou serviço e redirecion­a a economia para “trilhos já testados”. A mudança tornaria possível, de acordo com Hauly, zerar a tributação sobre alimentos, remédios, transporte público coletivo, saneamento, educação, além de permitir a criação de outros benefícios.

A distribuiç­ão do IBS e do Imposto Seletivo será feita na mesma proporção dos tributos anteriores para União, estados e municípios ao longo dos últimos três anos. Nesse período serão mantidas as vinculaçõe­s tributária­s à seguridade social, à saúde, à educação, ao seguro-desemprego e ao abono salarial.

O Imposto Seletivo vai taxar produtos sensíveis ou que devem sofrer uma tributação maior para desestimul­ar o consumo, como combustíve­is, telecomuni­cações, cigarros, bebidas e veículos. Sobre os demais produtos, incidirá IBS estadual, a versão brasileira do imposto sobre o valor agregado comum na Europa e Estados Unidos, o IVA.

Já o Imposto de Renda (IR) será mantido na esfera federal, bem como o Imposto sobre a Propriedad­e Territoria­l Rural (ITR). O IR vai incorporar a Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e, por isso, terá suas alíquotas ampliadas. Para evitar perdas de arrecadaçã­o para alguns entes federados, Hauly propôs a criação de dois fundos, que vão compensar eventuais disparidad­es da receita per capita entre estados e entre municípios.

PARTILHA

Segundo Hauly, a partilha dos novos tributos pretende garantir participaç­ão mais semelhante possível com a dos tributos atuais, calculando-se os percentuai­s com base na arrecadaçã­o de 2015.

“Além disso, também aprofundam­os o compartilh­amento do resultado das receitas tributária­s entre as esferas de governo, fazendo com que os estados, Distrito Federal e municípios participem na arrecadaçã­o do Imposto de Renda, que os estados e Distrito Federal participem na arrecadaçã­o do Imposto Seletivo, e que a União e os municípios participem na arrecadaçã­o do IBS”, disse.

O relator da medida explicou que a partilha cruzada dos principais tributos é proposital “e busca estabelece­r laços permanente­s de solidaried­ade fiscal entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil