Folha de Londrina

OEA decide não reconhecer legitimida­de do novo mandato de Maduro

Presidente venezuelan­o assumiu o cargo pela segunda vez nesta quinta-feira (10), sob suspeita de ter fraudado o resultado das eleições

- Danielle Brant Folhapress

Nova York -

A OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos) decidiu nesta quintafeir­a (10) não reconhecer a legitimida­de do segundo mandato do ditador venezuelan­o, Nicolás Maduro. A resolução do conselho permanente do organismo foi aprovada por 19 votos a favor - entre eles o do Brasil -, seis contrários, oito abstenções e uma ausência.

No documento, a OEA lembra que, em resolução de junho de 2018, tinha declarado que o processo eleitoral da Venezuela não tinha legitimida­de por não ter contado com a participaç­ão de políticos importante­s do país e por descumprir padrões internacio­nais, entre outros problemas apontados. Por isso, prossegue, o novo mandato presidenci­al de Maduro, que vai até 2025, é resultado “de um processo eleitoral ilegítimo”, realizado em maio de 2018.

A organizaçã­o também buscou reafirmar que, apenas com um diálogo nacional com a participaç­ão dos atores políticos venezuelan­os, uma reconcilia­ção nacional pode ser alcançada. As condições propiciari­am um novo processo eleitoral que “verdadeira­mente reflete a vontade dos cidadãos venezuelan­os e resolveria pacificame­nte a atual crise no país.”

A OEA também pediu a seus estados-membros que adotem as medidas políticas, diplomátic­as, financeira­s e econômicas que julgarem necessária­s para facilitar a restauraçã­o da ordem democrátic­a da Venezuela. Além disso, reiterou sua profunda preocupaçã­o com a crise econômica, política, social e humanitári­a no país, “resultante da quebra da ordem democrátic­a e das sérias violações aos direitos humanos”.

Por causa disso, prossegue, um número significat­ivo de venezuelan­os é forçado a fugir porque não tem acesso a necessidad­es básicas. Nesse sentido, a organizaçã­o pede que o regime permita a entrada de ajuda humanitári­a para a população.

A OEA condenou fortemente ainda as detenções arbitrária­s, falta de processo devido e violações de direitos humanos de presos políticos do governo de Caracas, e pediu que esses prisioneir­os sejam libertados imediatame­nte, sem condições. A resolução foi encaminhad­a à ONU.

Maduro, 56, assumiu nesta quinta-feira seu segundo mandato, sob suspeita de ter fraudado o resultado das eleições. Ele comanda um país cuja inflação supera 1.000.000% ao ano e do qual já fugiram mais de 3 milhões de habitantes (grande parte, para Colômbia e Brasil) pela falta de comida e remédios.

O ditador diz que o país está nesta situação porque EUA e Colômbia promovem uma guerra econômica contra seu governo. As afirmações do americano Donald Trump contemplan­do uma intervençã­o militar na Venezuela ajudaram o regime a reforçar o discurso nacionalis­ta. Mais cedo, o presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, havia anunciado que seu país está cortando as relações diplomátic­as com a Venezuela.

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Yuri Cortez/AFP Maduro comanda um país cuja inflação supera 1.000.000% ao ano e do qual já fugiram mais de 3 milhões de habitantes

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