Folha de Londrina

A hora é de investir na bolsa

Papéis baratos e boas perspectiv­as de lucros e dividendos para as companhias justificam tomar risco

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Independen­temente do cenário político, o momento é o melhor para se investir na bolsa brasileira. Os papéis estão muito baratos e a tendência das companhias é de gerarem mais lucros e dividendos. Além disso, os juros, que devem manter-se em baixos patamares por médio prazo, desestimul­am a renda fixa. Quem quer ter rentabilid­ade precisa assumir riscos.

Esse foi o tom da palestra proferida pelo estrategis­tachefe da XP Investimen­tos no Brasil, Marco Saravelle, e pelo gestor do fundo Alaska Asset, Henrique Bredda, no mês de dezembro, em Londrina - uma promoção da Bravus Investimen­tos, escritório credenciad­o da XP na cidade. “No final de 2015, a gente viu que os preços dos ativos atingiram um desconto tão grande que fez o investidor sair dos Estados Unidos e começar a comprar no Brasil”, afirma Henrique Bredda. E até hoje, de acordo com ele, houve pouca recuperaçã­o.

De 2008 - ano da crise financeira internacio­nal - a 2015, a Bovespa (hoje B3) andou para trás devido, principalm­ente, à queda dos preços das commoditie­s. “O petróleo estava a 150 dólares e caiu para 28 dólares em 2015. O minério foi de 180 dólares para 30 dólares. Os preços do açúcar e das commoditie­s agrícolas desabaram”, recorda . Essa desvaloriz­ação afetou a balança comercial brasileira e gerou efeito cascata. “O dólar subiu e causou inflação. O produtor de commoditie­s passou a comprar menos caminhão, a Mercedes-Benz (fabricante de ca- minhões) demitiu e os demitidos passaram a consumir menos. Foi um círculo vicioso de autodestru­ição que bateu no limite em 2015, coincidind­o com o limite dos preços das commoditie­s”, alega.

Nos últimos três anos, as commoditie­s tiveram boa recomposiç­ão de valor. “O petróleo que chegou a 28 dólares está mais que o dobro - cerca de 60 dólares hoje. O minério está também na casa dos 60 dólares”, conta. Mas os papéis se valorizara­m quase nada desde então. O gestor compara a evolução do principal índice da bolsa, o Ibovespa. “Em dólares, o investidor pagava cerca de 44 pontos pelos papéis brasileiro­s. Hoje, está pagando perto de 22 mil pontos em dólares. Dez anos depois, paga praticamen­te metade”, calcula.

Para Bredda, não é o caso de se preocupar com as questões políticas e seus efeitos sobre o mercado de capitais. “Focar a atenção na política não ajuda em nada. Isso acaba criando distorções. O importante é ver o que está acontecend­o no ciclo econômico e nos lucros das empresas do Brasil”, alega.

O estrategis­ta Marco Saravelle diz que as empresas estão passando por um momento de recuperaçã­o de resultados, que não se via há dez anos. Os lucros aumentam até pelo efeito da queda dos juros, que fazem as companhias terem menores despesas financeira­s. Mas não só por isso. “Há uma capacidade ociosa nas empresas. De modo que elas não precisam investir e a geração de receita é quase sinônimo de lucro. As empresas também estão pouco endividada­s”, alega.

Questionad­o sobre os melhores setores para se investir, Saravelle prefere recomendar companhias. “É complicado falar em setores porque eles reúnem empresas muito boas e muito ruins ao mesmo tempo. No farmacêuti­co, por exemplo, temos a Raia Drogasil, que é um espetáculo, e a BR Pharma, que quebrou.” Algumas das ações sugeridas por ele são as da Petrobras, Suzano, Braskem, Magazine Luíza, Marcopolo e Randon.

RENDA FIXA

Nos anos de 2014, 2015 e parte de 2016, na opinião do estrategis­ta, o brasileiro viveu um período de comodismo. “A taxa DI estava alta e o retorno era fácil (em produtos de renda fixa)”, justifica. Segundo a Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados), a taxa DI, utilizada nos empréstimo­s entre bancos, estava a 14,14% ao ano no início de 2016 e hoje está a 6,40%. “Não há expectativ­as de que a DI volte a subir tão cedo. Então, para ter rentabilid­ade, o investidor precisa tomar risco”, alega.

Há fundos de ações, segundo o estrategis­ta, que rendem até 30% ao ano. Esses fundos, aliás, são boa opção para quem tem medo de se arriscar na compra de ações. Há também outros produtos com os multimerca­dos que misturam renda fixa e variável.

De qualquer modo, para fazer esses investimen­tos, é preciso abrir conta em corretora. “Aproximada­mente, 0,5% da população tem conta aberta em corretora e opera efetivamen­te”, informa Saravelle.

Há fundos de ações que rendem até 30% ao ano

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RicArdo MAiA/DivulgAção Henrique Bredda: “O importante é ver o que está acontecend­o no ciclo econômico e nos lucros das empresas do Brasil”

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