Uma história sobre azul e rosa
A polêmica do “azul e rosa” acabou provocando cenas constrangedoras na grande mídia nacional. O ápice do ridículo foi quando um certo apresentador de TV (o mesmo que havia imitado Chewbacca há alguns meses) envergou um terno cor-de-rosa, fazendo a gente lembrar um saudoso personagem da Escolinha do Professor Raimundo, o Seu Peru.
Mas felizmente a maioria das pessoas não perdeu a lucidez. Ontem recebi a simpática mensagem de uma leitora da Avenida Paraná, a Sra. Aparecida Santos, falando sobre como essa questão do azul e rosa era tratada algum tempo atrás em Londrina. Vale a pena compartilhar a mensagem com vocês sete:
“Demorou para que nossa cidade contasse com a tecnologia de ultrassons e imagens. Sem esse recurso, era difícil saber com antecedência o sexo dos bebês. Como então descobrir se era menino ou menina? Só em sonhos ou adivinhações. Foi então que ‘alguém’ aproveitou a oportunidade para ganhar dinheiro fácil.
Eram meados dos anos 70. Por meio de uma consulta paga, o ‘adivinho’ muito malandro anotava em seu livro de consultantes o nome da mãe, do pai, as datas de nascimento deles, a provável data de nascimento da criança, o endereço da família, etc. Com esses dados em mãos, ele ‘previa’ o sexo da criança: menino ou menina. A família então começava a fazer o enxoval: mantas, roupas, sapatinhos, banheira, toalhas, chupetas, mamadeiras e tudo mais: na cor rosa se menina, na cor azul se menino.
Agora vem a parte interessante. Se a criança que nascesse fosse do sexo que o adivinho havia previsto, ninguém falava nada. Mas, se não fosse, as pessoas voltavam a ele e pediam explicações.
Ele se desculpava muito pelo desagrado e ouvia as lamentações dos clientes. ‘Meu marido não aceita que meu filho (ou filha) use roupas de outro sexo!’, diziam as mães enganadas.
Por fim, usando de sua esperteza, o adivinho resolvia consultar o livro onde havia anotado o sexo da criança. E fazia várias perguntas: ‘Qual o seu nome, minha senhora? Mais ou menos em que época a sra. veio ao meu consultório? Qual o sexo de seu bebê?’
A mãe respondia, por exemplo:
‘Nasceu um menino, mas o senhor disse que seria menina, e o enxoval está todo rosa! Não posso vesti-lo de rosa!’
Ao consultar o livro, o esperto adivinho achava o nome da mãe e as informações anotadas. E dizia:
‘Pois olhe aqui, minha senhora: o sexo do seu filho anotado sem rasura nenhuma, é um menino! A senhora fez confusão!’
A mãe, desapontada, reconhecia:
‘Talvez eu não tenha mesmo prestado atenção direito!’ A pobre mãe não sabia, mas o adivinho armava a seguinte malandragem: se ele dissesse à mãe que a criança seria ‘menina’, anotava no livro ‘menino’, e viceversa, para o caso de não dar certo e haver reclamações futuras. Assim ele se safava em qualquer situação.
Faz tempo que o brasileiro escolheu as cores rosa para meninas e azul para meninos!”
Leitora recorda a malandragem de um ‘adivinho’ londrinense na época em que não havia ultrassom