Folha de Londrina

COMPRAS

Projeto de lei aprovado pelo Congresso no final do ano passado definia situações em que a modalidade de pagamento poderia ser recusada pelo comerciant­e

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Governo veta projeto de lei aprovado pelo Congresso que previa novas regras para o uso do cheque

Oprojeto de lei que regulament­ava o pagamento com cheque nos estabeleci­mentos comerciais, que havia sido aprovado pelo Congresso no fim do ano passado, foi vetado integralme­nte pelo presidente Jair Bolsonoro. Pelo texto, de autoria do deputado Vinícius Carvalho (PRB-SP) o comerciant­e que decidir aceitar cheque como forma de pagamento só poderia recusá-lo se o cliente tivesse o nome “sujo”, ou seja, inscrito em cadastro de proteção ao crédito, ou se o cheque apresentad­o fosse de terceiros. Nenhuma outra situação poderia justificar a rejeição.

Além disso, o projeto tornava obrigatóri­a a aceitação de cheques por lojistas que não colocasse no local “informação ostensiva e clara” de recusa desse tipo de paga- mento. Ao vetara matéria, o governo alegou que “a propositur­a poderia representa­r entrave à disseminaç­ão dos potenciais benefícios da implementa­ção em larga escala do Cadastro Positivo (Lei nº 12 414, de 2011) e trazer inseguranç­a aos estabeleci­mentos comerciais.”

A inseguranç­a e as facilidade­s do cartão de crédito e débito são apontadas como fatores para aquedada utilização desta modalidade de pagamento. Segundo dados do Banco Central, de 2011 a 2017 a quantidade de cheques trocados no Brasil reduziu 51,2%, no Paraná a queda foi de 43,6%. Alguns estabeleci­mentos comerciais não aceitam essa forma de pagamento.

A lojista Bruna Tangueira de Souza Akama, 30, não aceita cheque em seu comércio. Ela considera os pagamentos em dinheiro e cartão de crédito e débito mais seguros. “Conheço algumas empresas que aceitam cheque. Há ferramenta que analisas e oche queéb om eseguro,m aspara nós aforma mais segura é dinheiro e cartão”, afirmou.

Akama comentou que é raro o cliente que pede para pagar em cheque. “É muito difícil alguém pedir outra forma de pagamento, mais quando perguntam é pelo crediário, cheque nunca.” O comerciant­e Pedro Araújo ,23, aboliu o talão de cheque há três anos e também não aceita em seu estabeleci­mento. Ele teve muitos problemas com inadimplên­cia. “Dá muita dor de cabeça indo no banco, protestand­o o cheque. Decidi que só aceito cartão e dinheiro. Estou vivendo muito melhor”, afirmou Araújo. Em 2017, 6,1% dos cheques trocados no Paraná foram devolvidos por falta de fundos.

Muitos consumidor­es preferem não utilizar essa modalidade. A agente pública Crisleide Aparecida de Souza, 34, nunca usou. “Nem tenho folha de cheque. É mais prático pagar em dinheiro ou cartão”, comentou. A estudante Amanda de Oliveira Bacarin, 24, contou que já recebeu cheque, mas que nunca emitiu. Ela também prefere o cartão.

A agente pública Angela Aparecida Correa Mota, 48, afirma que usa no máximo dez folhas por ano. “Como vendo lingerie, às vezes, dou cheque pré-datado para pagar pela mercadoria. Mas no comércio é muito difícil usar”, explicou.

A professora de economia Maria Eduvirge Marandola, especialis­ta em educação financeira, afirma que quem trabalha com cheque precisa ter uma organizaçã­o financeira maior para evitar contratemp­os no orçamento. “Quando a pessoa emitir o cheque deve anotar no seu talão e não contar mais com aquele dinheiro. Não importa se ele será descontado amanhã ou depois. Tem que prestar a atenção na conta e se organizar bem para que tenha fundos necessário­s na conta”, aconselha.

Ela lembra que apesar do uso estar em queda, esta é uma modalidade de pagamento bastante utilizada e, que, às vezes, se transforma em papel de moeda na mão das pessoas. “Acontece muito da pessoa juntar vários cheques que recebeu para efetuar um pagamento e os cheques vão rolando de mão e mão, fazendo o papel de moeda”, comentou. Por isso, ela reforça que se deve prestar a atenção no saldo bancário.

A especialis­ta não acredita na eliminação dessa modalidade de pagamento. “É algo importante dentro do sistema econômico”, analisou. (Com Agência Estado)

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O comerciant­e Pedro Araújo aboliu o talão de cheque há três anos e também não aceita em seu estabeleci­mento: “Dá muita dor de cabeça”
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Fotos: Anderson Coelho A agente pública Crisleide Aparecida de Souza nunca usou cheque:” É mais prático pagar em dinheiro ou cartão”

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