Folha de Londrina

SEM RESISTÊNCI­A

Avião embarcou por volta das 19h, hora de Brasília

- Folhapress

Preso na Bolívia, Cesare Battisti é extraditad­o para a Itália, onde foi condenado pela morte de quatro pessoas nos anos 1970

Brasília - Após passar pouco menos de um mês foragido, o terrorista italiano Cesare Battisti, 64, foi preso na Bolívia na noite deste sábado (12) e enviado para seu país de origem neste domingo (13). Se voo decolou por volta das 19h15 com destino a Roma, onde deverá chegar no início da tarde desta segunda (14), pelo horário local.

Ao contrário do que havia anunciado o governo de Jair Bolsonaro, o avião não iria parar no Brasil.

Na Itália, Battisti foi condenado pela morte de quatro pessoas nos anos 1970.

Ele foi preso em Santa Cruz de la Sierra, no centro da Bolívia, por agentes da Interpol.

O terrorista era considerad­o foragido desde o dia 14 de dezembro. A PF fez mais de 30 diligência­s para encontrálo, sem sucesso.

Sua prisão foi determinad­a em dezembro pelo ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal). Poucos dias depois, a extradição para a Itália foi assinada pelo então presidente Michel Temer, mas Battisti já havia desapareci­do.

Depois de não encontrar Battisti em seus endereços registrado­s, em Cananeia (SP) e São José do Rio Preto (SP), a PF no Brasil reiniciou do zero a busca, sem nenhuma pista do paradeiro. A nova diretoria da Polícia Federal considerou a operação como uma das mais fracassada­s da história do órgão.

Nos anos 1970, Battisti pertencia ao grupo de esquerda PAC (Proletário­s Armados pelo Comunismo). Foi condenado à prisão perpétua pelos assassinat­os do agente penitenciá­rio Antonio Santo- ro, do joalheiro Pierluigi Torregiani, do açougueiro Lino Sabadin e do agente policial Andrea Campagna. Sempre negou os crimes.

Após fugir para México e França, chegou ao Brasil em 2004 e foi preso em 2007. Em 2009, o STF decidiu aprovar a repatriaçã­o, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último dia de seu mandato, em 2010, permitiu a permanênci­a dele no Brasil.

Segundo o jornal italiano Corriere Della Sera, Battisti caminhava por uma rua de Santa Cruz de la Sierra quando foi abordado pelos policiais. Usava uma barba falsa e tinha documento de identidade com seu nome e data de nascimento.

Battisti estava sozinho no momento da captura, por volta das 17h de sábado (19h no Brasil). De acordo com o relato do jornal, ele não opôs resistênci­a. Vestia calça e camisa azuis e usava óculos escuros. Levado a um carro de polícia, manteve-se em silêncio.

Uma equipe especial da polícia italiana deslocou-se para a cidade boliviana pouco antes do Natal, após receber dicas de informante­s. A operação teve apoio de agentes do Brasil e da Bolívia.

Se partidário­s de Battisti tinham esperança de que o presidente esquerdist­a da Bolívia, Evo Morales, poderia evitar sua ida para a Itália, ela se desfez após entrevista do ministro do Interior do país, Carlos Romero, na tarde do domingo. Ele afirmou que Battisti não seria extraditad­o, cujo processo é longo, mas expulso sumariamen­te por ter entrado ilegalment­e no país.

O advogado Igor Tamasauska­s, que defende Battisti, disse que a expulsão ou deportação deveria ser feita para o país da última procedênci­a da pessoa, ou seja, o Brasil.

Na Itália, o governo de direita exaltou a colaboraçã­o de Brasil e Bolívia. A assessoria do Ministério do Interior, comandado por Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga e um dos homens fortes do governo, afirmou que o governo Evo “mais ajudou do que atrapalhou”.

Salvini louvou a captura e exaltou o presidente Bolsonaro em seus perfis nas redes sociais. Usou um de seus bordões, “é finita la pacchia”, algo como a festa acabou.

Bolsonaro também festejou a prisão e aproveitou para criticar os petistas. “Parabéns aos responsáve­is pela captura do terrorista Cesare Battisti! Finalmente a justiça será feita ao assassino italiano e companheir­o de ideais de um dos governos mais corruptos que já existiram do mundo (PT).”

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Polizia di Stato/AFP Foto divulgada pela polícia italiana mostra Battisti acomodado na poltrona do avião pronto para o embarque

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