Londrina cai em ranking de negócios
De 2016 a 2018 o município perdeu 15 posições, conforme ranking elaborado pela Urban Systems; redução de postos de trabalho contribuiu para a queda
Londrina perdeu 15 posições no ranking das melhores cidades para fazer negócios no País. Estudo mostra que o município ocupou a 40a colocação em 2018. Levantamento considera itens como capital humano, desenvolvimento social, infraestrutura e desenvolvimento econômico. Redução de postos de trabalho e renda média baixa afetam o desempenho na pesquisa. Fórum Desenvolve Londrina defende planejamento estratégico para a cidade. Maringá, que está em 9o lugar, Cascavel, em 23o, e Toledo, em 43o, também aparecem na lista
Londrina é uma cidade de contrastes quando o assunto são indicadores de desempenho. Enquanto estudos mercadológicos destacam a cidade como um ambiente propício para negócios no setor de tecnologia e inovação ou de interesse para o setor de franquias, os indicadores econômicos mostram uma outra realidade, reflexo da perda de postos de trabalhos. Segundo o Ranking das Melhores Cidades para Fazer Negócios, realizado pela Urban Systems, de 2016 a 2018, o município perdeu 15 posições. No estudo mais recente aparece em 40º lugar, perdendo muito de Maringá (9º) e Cascavel (23º), e só três posições à frente de Toledo (43º). Em 2017, Londrina estava em 34º.
O ranking, que está na sua quinta edição, analisa 300 municípios com mais de 100 mil habitantes, avaliando capital humano, desenvolvimento social, infraestrutura e desenvolvimento econômico. Nesta edição, o indicador de desenvolvimento econômico sofreu alterações com o acréscimo de informações de comércio exterior, diversidade econômica e empreendedorismo.
Dos quatro indicadores, Londrina subiu em desenvolvimento social (48º) e infraestrutura, que saiu do 59ª para 46º lugar. Mas o sinal de alerta é em desenvolvimento econômico. A cidade não fica entre os cem desde 2016. O melhor resultado foi em 2015, quando ocupou a 71ª posição.
A redução de postos de trabalho explica, em partes, a queda no ranking. “A pesquisa anterior já registrava uma queda de 2,3% no indicador de emprego, e na atual a redução foi de 1,9%, enquanto o Brasil já estava retomando empregos. Isso gera um problema de confiança. Pelo conceito do estudo você vai levar os investimentos para onde tem mais geração de renda”, explicou Willian Rigon, pesquisador responsável pelo estudo e diretor de Marketing e Comercial da UrbanSystems.
Também pesaram contra a cidade a redução no crescimento da frota de automóveis, de acordo com o estudo. Em 2017, a frota cresceu 1,4%, enquanto que no ano passado foi apenas 0,7% e a média nacional foi de 3,2%. “O Índice Firjan de Gestão Fiscal também teve redução de 0,637 para 0,620. Uma cidade como Londrina deveria beirar entre os 0,7, 0,75%. Isso impacta negativamente no desempenho. Outro impacto que verificamos foi a redução de um ano para outro dos valores investidos em saúde”, afirmou Rigon.
Mas para o pesquisador o desempenho de Londrina não pode ser visto como um ponto negativo. “Como estamos analisando 300 municípios, a posição (40ª) não é ruim e a queda também pode estar atrelada à melhora de outros municípios. A luz vermelha está no desenvolvimento econômico. O município precisa desenvolver o empreendedorismo, a economia criativa e diminuir a informalidade”, enfatizou.
Segundo ele, percebe-se nos últimos três anos uma descentralização econômica com a troca das indústrias das grandes metrópoles para municípios menores. “Percebemos uma profissionalização da gestão pública das cidades de médio porte. Uberaba (MG), por exemplo, vem realizando projetos de desenvolvimento. No Paraná, Maringá é outro exemplo”, citou Rigon. Uberaba subiu 24 posições e está em 49º lugar e Maringá, seis, e agora está em nono lugar.
POSITIVO
O estudo trabalha com base de dados de 2015/2016 período em que Londrina sofreu o maior impacto da crise econômica. Entre 2015 e 2017, a cidade fechou 7 mil postos de trabalho formais. “Quando você fala em desenvolvimento econômico com essa perda de postos de trabalho, você já sinaliza que o indicador vai para baixo. Mas é bom lembrar que estes dados estão defasados. Esse é um problema das análises econômicas no Brasil. Sempre trabalhamos com dados dois, três, quatro anos atrasados”, disse o economista Marcos Rambalducci, colunista da FOLHA.
Essa defasagem faz com que o estudo não capture o momento atual, na avaliação do economista, mas serve de base para saber o impacto provocado pelo desemprego. “Os dados não refletem por exemplo as realidades das startups, que são muito recentes e o estudo não consegue captar porque vem com dados defasados”, afirmou.
Para o economista, a queda de seis posições mostra uma certa estabilidade. “É diferente quando você analisa Uberlândia, por exemplo, que caiu 37 posições, ou Joinville, que caiu 20. Londrina está entre os 10% das cidades mais atrativas para os negócios. Ainda estamos em uma posição interessante”, avaliou Rambalducci. Ele afirma que para inverter a curva de descendência é preciso se apropriar e compreender melhor os dados do estudo.
O prefeito Marcelo Belinati afirmou que “esses diagnósticos são importantes, é a partir deles que se constrói o planejamento e encontra soluções para construir uma nova realidade”. O prefeito ressaltou que se o estudo fosse feito com dados atualizados a realidade seria outra.
“Todas as ações que estão sendo implementadas são no sentido de reverter esse quadro”, declarou. O Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), em parceira com entidades da sociedade civil organizada, está elaborando uma nova política de incentivo ao desenvolvimento industrial de Londrina.