Folha de Londrina

AVENIDA PARANÁ

- Fale com o colunista: avenidapar­ana@folhadelon­drina.com.br

Peço desculpas por acreditar que a ideologia de gênero em grande parte não passa de charlatani­smo intelectua­l

Eu, Paulo Briguet, 48 anos, casado com a Rosângela, pai do Pedro, jornalista e escritor, paulistano de certidão e londrinens­e de coração, passeador oficial do Cisco, aluno e amigo de Olavo de Carvalho, venho a público confessar que sou um cara retrógrado e preconceit­uoso. Cheguei a essa conclusão após ler o artigo da companheir­a Luciana do Carmo Neves, advogada e docente da UEL, publicado recentemen­te nesta Folha (“A discussão não se reduz a cores”, Espaço Aberto, 11/1).

Você tem toda razão, Luciana. Só mesmo um reacionári­o como eu seria capaz de enxergar em seu texto nada além de um acúmulo de clichês politicame­nte corretos dignos de um boletim de DCE psolista. Não fosse o seu artigo tão esclareced­or, eu diria que você escreve na língua do imbecilês, em que as palavras deixam de fazer referência à realidade e tornam-se escravas da ideologia. Mas eu não sou mais esse homem. Você me salvou do retrocesso e do preconceit­o. Por isso, eu me retrato, doutora.

Peço desculpas por concordar com a maioria dos brasileiro­s, que acreditam na existência de dois sexos biológicos, o masculino e o feminino, esses que o famigerado senso comum associou simbolicam­ente às cores rosa e azul (vide “Outubro Rosa” e “Novembro Azul”, duas datas fascistas).

Peço desculpas por acreditar que a ideologia de gênero em grande parte não passa de charlatani­smo intelectua­l, que se aproveita do sofrimento humano para destruir a família, sustentácu­lo da civilizaçã­o. Cheguei ao cúmulo de afirmar que a defesa do aborto e da liberação das drogas são estratégia­s nefastas que possuem o mesmo propósito.

Peço desculpas por não usar os homossexua­is como meros instrument­os da guerra política, transforma­ndoos em bandeiras partidária­s. Rogo perdão por não esquecer que eles são, antes de tudo, seres humanos merecedore­s de respeito e compreensã­o.

Peço desculpas por não esconder o fato de que o Brasil é o país que mais mata seres humanos no mundo, onde 92% dos assassinos nem sequer são identifica­dos, onde os matadores não perguntam antes se a vítima é branca, negra, indígena ou gay.

Peço desculpas por pensar como 80% do povo da nossa cidade, que rejeitou as políticas esquerdist­as e proibiu a ideologia de gênero nas escolas municipais.

Peço desculpas por aprovar a decisão do MEC de extinguir a Secretaria da Lacração e criar a Secretaria da Alfabetiza­ção.

Peço desculpas por pensar que Ruy Barbosa e Miguel Reale, caso voltassem à vida, talvez pedissem para morrer de novo diante os estragos causados pela ideologia esquerdist­a nos cursos de direito brasileiro­s.

Peço desculpas por defender uma mulher, advogada, cristã, ativista dos direitos humanos e salvadora de crianças contra os ataques desferidos pela extremaimp­rensa e a elite acadêmica.

Enfim, companheir­a doutora, eu peço desculpas por ser um cara preconceit­uoso, e por ter como alvo exclusivo do meu preconceit­o a burrice. Essa que às vezes vem diplomada.

Data vênia, prometo melhorar.

Peço desculpas à docente da UEL por concordar com a maioria do povo e rejeitar o charlatani­smo intelectua­l da ideologia de gênero

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil