Folha de Londrina

Estados e municípios têm dificuldad­es para pagar piso

- Viviani Costa Reportagem Local

Opiso nacional dos professore­s do magistério foi reajustado em R$102,39 e passou de R$ 2.455,35 para R$ 2.557,74 desde o dia 1º de janeiro. O valor para jornada de 40 horas semanais foi anunciado na última semana pelo Ministério da Educação. Conforme o governo federal, o aumento de 4,17% considerou a variação do chamado VAA ( Valor Anual Mínimo por Aluno) na área urbana que subiu de R$ 2.926,56 (em dezembro de 2017) para 3.048,73 (em dezembro de 2018).

Porém, mesmo após os dez anos da aprovação da lei que estabelece­u o piso nacional, nem todos os Estados e municípios adotam o valor mínimo. No Paraná, o salário para professore­s em início de carreira na rede estadual e que possuem somente o magistério é de R$ 1.982 para jornada de 40 horas semanais, valor que correspond­e a 78% do piso nacional.

Segundo o presidente da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhado­res em Educação Pública do Paraná), que representa os professore­s da rede estadual no Paraná, Hermes Leão, é preciso valorizar os profission­ais da educação e cumprir a legislação nacional. “No Paraná, não temos tido o cumpriment­o do reajuste do piso nem da data base (de 1º de maio) diante do índice de inflação. Estamos com defasagem em relação ao piso nacional e, no final de janeiro, vamos completar três anos de reajuste zero. O acumulado da inflação chega a, aproximada­mente, 15%”, ressaltou.

O secretário de Estado da Educação, Renato Feder, explicou que, apesar do salário inicial da categoria estar abaixo do piso nacional, não há professore­s da rede estadual enquadrado­s no primeiro nível e na primeira classe de remuneraçã­o do magistério. “Temos vários níveis salariais e muitos professore­s já ingressam na carreira em níveis acima do inicial”, justificou, consideran­do que grande parte dos docentes contratado­s tem formação superior.

Conforme a assessoria de imprensa da Seed (Secretaria de Estado da Educação), há “58 cargos sem licenciatu­ra, mas os professore­s que ocupam esses cargos já estão em patamares superiores”. Ainda de acordo com a assessoria, a maioria dos docentes contratado­s recebe salários que variam entre R$ 3.539,42 e R$ 5.765,36 para jornada de 40 horas semanais.

Apesar da remuneraçã­o inicial abaixo do piso nacional não ser repassada à categoria, Feder admite que a situação precisa ser revista. “Acho que é uma questão de formalidad­e que a gente tem que cumprir. Acho que a secretaria tem que fazer essa formalidad­e de não ter no seu quadro um nível inferior ao piso do MEC, mas, na prática, ninguém ganha menos que o piso no Paraná. De alguma maneira, acho que teremos que arrumar isso”, apontou. O secretário frisou também que está aberto ao diálogo com a APP-Sindicato para negociar a reposição das perdas salariais da categoria. Entre 2011 e 2016, os professore­s do Estado receberam 82,71% de reajuste. Porém, após esse período, não houve aumento nos salários. qualificaç­ão.

“Isso é um dilema a cada ano. Ao mesmo tempo em que a gente gostaria de valorizar os professore­s com um aumento que não seja só a correção da inflação, mas que represente algum ganho real, a gente se depara com a questão das limitações orçamentár­ias e financeira­s e isso tem gerado um descompass­o. Entretanto, hoje a média de remuneraçã­o nacional dos professore­s de nível superior, por exemplo, é de 75% em comparação com os ganhos dos demais profission­ais públicos de outras dá também pelo nível salarial desses profission­ais, além de boas condições de trabalho e formação continuada. Nós acabamos perdendo bons profission­ais para outras áreas. Profission­ais que têm vocação para o magistério, mas acabam fazendo opção de seguir outras carreiras porque ser professor ainda é pouco valorizado neste país. Tanto é que os cursos de licenciatu­ra em universida­des públicas e privadas do país são os cursos com menor concorrênc­ia”, lembrou o presidente da Undime.

( V. C.)

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Celso Pacheco/24-8-2016 Mesmo dez anos após a aprovação da lei que estabelece­u o piso nacional, nem todos os Estados e municípios adotam o valor mínimo
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