Anistia Internacional pede a governo do Rio compromisso no caso Marielle
Rio -
Dez meses após o assassinato de Marielle Franco com as investigações ainda inconclusas, a Anistia Internacional reivindica, em comunicado, que as autoridades do Estado do Rio de Janeiro venham a público se comprometer com a solução correta do crime. Marielle Franco, defensora de direitos humanos e vereadora no município do Rio de Janeiro, foi assassinada a tiros na noite de 14 de março de 2018 junto com o motorista Anderson Gomes, que dirigia o veículo onde estavam.
“O ano de 2018 terminou sem que o Estado do Rio de Janeiro, sob intervenção federal na área de segurança pública, tenha conseguido solucionar o caso. A nova gestão do governo do Estado tem o dever de assumir esta responsabilidade e não deixar o caso sem solução. O novo governador e o novo chefe de polícia deveriam vir a público se comprometer com a investigação correta do assassinato de Marielle Franco desde o início de sua gestão”, afirmou Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional.
“A demora na solução do assassinato de Marielle Franco tem enormes impactos negativos, pois gera uma espiral de medo e silêncio entre ativistas, defensores de direitos humanos, jovens, mulheres negras, comunidade LGBT e todas as pessoas e grupos que, de alguma forma, ela representava. Mas, além disso, há uma enorme preocupação com o fato de que algumas das altas autoridades do Estado do Rio de Janeiro estiveram envolvidas em um episódio de violência contra a memória e a imagem de Marielle”, disse Werneck.
O Ministério Público e a Polícia Civil seguem linhas distintas de investigação no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco. Tanto o governador Wilson Witzel quanto o procurador-geral de Justiça Eduardo Gussem confirmaram a independência das investigações. Segundo Gussem, o Ministério Público realiza um levantamento de todos os inquéritos que tramitam no órgão e faz um cruzamento com organizações criminosas para deflagrar possíveis ações penais. Enquanto isso, a polícia, que preside o inquérito do caso, se debruça sobre o assassinato em si.
Witzel defendeu que um dos órgãos apresente o quanto antes alguma resposta para a sociedade. “Me parece que as duas têm que andar juntas. Se não for possível, aquela que estiver mais adiantada que dê a reposta para a sociedade”, afirmou.
Questionado se as diferentes linhas de investigação não poderiam levar à prisão de um inocente, o governador afirmou que qualquer pedido de prisão é realizado com base em indícios. Segundo ele, esses indícios podem não ser contundentes para a condenação, mas razoáveis para comprovar parcialmente a autoria do crime.
(Com Folhapress)