Folha de Londrina

Pão de queijo e tapioca salvam o ano das fecularias

Produtos ganham fãs no País e no exterior e ajudam a consumir aumentos na colheita e no processame­nto de mandioca em 2018

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Opreço da mandioca caiu drasticame­nte ao longo de 2018, devido ao aumento na oferta somado à baixa demanda para uso industrial não alimentíci­o da fécula, como no setor de papel e celulose. No entanto, o valor ainda ficou acima dos custos de produção para agricultor­es e somente não lotou os estoques das fábricas paranaense­s porque dois pratos tipicament­e nacionais caem cada vez mais no gosto de gringos e brasileiro­s: o pão de queijo e a tapioca.

Depois de um 2017 de baixa oferta de mandioca no Estado, causada por problemas climáticos no Nordeste do País que prejudicar­am a produção por lá, houve aumento de 46,1% no volume processado no Brasil no ano passado na comparação com o anterior, com moagem total de 2,004 milhões de toneladas, conforme o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O Paraná responde por 57% do parque nacional de fecularias, com 42, além de outras 60 fábricas de farinha.

Como as indústrias nordestina­s deixaram de buscar a farinha paranaense e houve alta na produção, as cotações caíram da média de R$ 624,98/t (R$ 1,0869/ grama de amido) em janeiro para R$ 381,90/t (R$ 0,6642/grama) em junho de 2018. Os valores oscilaram no segundo semestre e ficaram em torno de R$ 424,30/t (R$ 0,7379/grama), de acordo com o Cepea. A maior oferta e a baixa procura em 2018 pressionar­am as cotações, com queda mais expressiva no Paraná, de 14,9%, com média anual de R$ 478,24/t (R$ 0,8317 por grama de amido).

O presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná, João Eduardo Pasquini, afirma que, mesmo assim, não foi possível acumular o produto. “Os estoques já estavam baixos e a indústria de fécula ainda produziu muito por conta da alta procura por dois produtos, que são o pão de queijo e a tapioca”, diz.

Pasquini conta que o mau momento econômico brasileiro fez com que caísse a demanda de derivados da mandioca para processos industriai­s não alimentíci­os - o amido tem 1,5 mil utilidades -, como na petroleira e na de papel e celulose. Contudo, o maior interesse nesse tipo de produtos para evitar o glúten do trigo, por exemplo, ajudou o setor. “Vínhamos com uma produção média de 50 mil t de fécula para tapioca ao ano, volume que pulou para 150 mil em 2017 e cresceu ainda mais no ano passado”, diz, ao citar que o balanço regional não foi fechado.

No caso do pão de queijo, o presidente do sindicato industrial estima em 20% a 30% o aumento da demanda. “É um produto diferencia­do, uma farinha mais branca, fina, de qualidade, e 40% da nossa produção foi para esses dois produtos”, conta. No total, ele afirma que outros 40% são direcionad­os a processos alimentíci­os, como embutidos e panificado­s. No País, a produção de fécula atingiu 586,3 mil t, alta de 46,1% frente à do ano passado, e o consumo foi bem próximo, de 580,1 mil t, ou 20,6% a mais do que em 2017.

Para 2019, Pasquini estima que os preços devem se manter estáveis, entre R$ 300 e R$ 400. “Vai depender do clima no Nordeste e da recuperaçã­o econômica do País, com a população com mais dinheiro no bolso e a indústria crescendo”, cita.

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