Grupo londrinense alia corrida e solidariedade
Grupo de corrida e caminhada vai converter quilômetros percorridos em tênis para crianças carentes
Mais do que percorrer um caminho e praticar atividades físicas, um grupo de amigos e conhecidos, liderado por professores de educação física, está convertendo os passos em uma forma de ajudar o próximo, fazendo da solidariedade seu destino final. A cada quilômetro percorrido os participantes revertem em R$ 1, que será utilizado para adquirir tênis para alunos carentes de escolas públicas de Londrina.
O desafio teve início nas férias de 2018. A ideia foi encabeçada pelo docente Luciano Pizi. “Faço atividade física e a academia entrou de férias, também estava no recesso do trabalho. Pensei em como poderia fazer para me manter ativo e propus, com minha esposa, como poderíamos aliar isto a uma atividade solidária. Neste contexto surgiu a ideia de correr, juntar dinheiro e no final comprar tênis para meus alunos das redes municipal e estadual, vendo os que mais precisavam”, conta.
Outros dois amigos, que também dão aulas de educação física, se somaram à iniciativa. Os quatro então correram durante todo o mês de janeiro de 2018, individual- mente, totalizando R$ 440, que foi utilizado para comprar seis calçados, distribuídos para alunos carentes de escolas municipais no conjunto João Paz (zona norte) e no Interlagos (zona leste), e para uma estadual na Vila Casoni, região central. “Postei as fotos nas redes sociais e conseguimos mais três pares usados, que doamos.”
A atual edição da ação solidária começou em 26 de dezembro. A equipe aumentou e conta atualmente com 12 pessoas, de outras profissões, rotinas e tipos físicos. “Postei vídeo no Facebook convidando amigos e surgiram pessoas interessadas que não conhecia”, anima-se. Para facilitar a comunicação, um grupo no aplicativo de troca de mensagens WhatsApp foi criado. É neste ambiente virtual que é postado diariamente o quanto foi percorrido por cada um, para que, no final do proposto, em 31 janeiro, seja feita a somatória.
A proposta não delimita quilometragem mínima ou máxima e se o percurso precisa se feito caminhando ou correndo. “Não tem tem regra em participação para não ficar limitando. Para este ano teve uma outra ideia, que são os apoiadores. Tem gente que quer ajudar, mas não quer correr. Então sugerimos que aqueles que quisessem fazer assim escolhessem alguém para apoiar. Se escolheu me apoiar, por exemplo, a quilometragem que correr ela também vai ajudar. Tenho dois apoiadores”, relata.
REALIDADE
Josely Costa ficou sabendo da iniciativa em novembro, após um dos participantes comentar sobre o assunto na escola onde atua. “Foi de maneira informal, mas fiquei curiosa. O Luciano, que não conheço pessoalmente, postou o vídeo e este amigo professor me marcou e já entrei em contato para saber como poderia participar”, relembra a professora, que tem corrido a semana toda, pelo menos quatro quilômetros por dia. “A questão da compra do tênis se tornou uma motivação maior que precisava, pois costumava correr”, valoriza.
Segundo ela, a realidade de muitas crianças e adolescentes de escolas públicas é difícil, com alunos não tendo tênis para as aulas práticas de educação física. “Tem estudante que faz a aula descalço, no sol quente, ou quando tem tira o calçado, pois é o único. Isto não é bom, até porque se ele for participar de competição, não pode ser descalço. O tênis é importante não somente pela saúde, mas igualdade. Várias vezes doei tênis meu, do meu esposo ou de amigos. Esta ação é grandiosa e estou tendo o prazer de participar”, destaca.
‘ARTIGO DE LUXO’ Integrando o desafio solidário desde seu surgimento, Murilo Porto Silva não tem deixando de lado a proposta mesmo machucado. “Sofri uma lesão no adutor da coxa, mas mesmo assim tenho buscando fazer minha parte para ajudar. O legal é que conseguimos mais pessoas para este ano e como consequência teremos mais tênis. Temos pessoas que estão correndo 20 quilômetros, outros cinco, seis. Cada um faz o que pode”, ressalta o docente na rede municipal e estadual.
Os tênis adquiridos com o valor total arrecado serão distribuídos após o início do ano letivo, quando diretores conhecidos pelo grupo vão ser procurados para ajudar na escolha dos alunos. Além disso, a ação se tornou uma forma de incentivar a prática de exercícios para uma vida saudável. “Vivemos um momento em que as escolas estão sendo bombardeadas por um monte de informações de gente de fora da realidade escolar. Muitas crianças, nas escolas públicas, especialmente nas periferias, deixam de ser assistidas pelas famílias no seu básico. A criança, às vezes, só tem a casa e as roupas do corpo, quando tem, e o tênis acaba virando artigo de luxo”, reflete Luciano Pizi.
Quem quiser obter mais informações sobre a ação ou ajudar pode entrar em contato pelo telefone (43) 99920-9646.