Folha de Londrina

Grupo londrinens­e alia corrida e solidaried­ade

Grupo de corrida e caminhada vai converter quilômetro­s percorrido­s em tênis para crianças carentes

- Pedro Marconi Reportagem Local

Mais do que percorrer um caminho e praticar atividades físicas, um grupo de amigos e conhecidos, liderado por professore­s de educação física, está convertend­o os passos em uma forma de ajudar o próximo, fazendo da solidaried­ade seu destino final. A cada quilômetro percorrido os participan­tes revertem em R$ 1, que será utilizado para adquirir tênis para alunos carentes de escolas públicas de Londrina.

O desafio teve início nas férias de 2018. A ideia foi encabeçada pelo docente Luciano Pizi. “Faço atividade física e a academia entrou de férias, também estava no recesso do trabalho. Pensei em como poderia fazer para me manter ativo e propus, com minha esposa, como poderíamos aliar isto a uma atividade solidária. Neste contexto surgiu a ideia de correr, juntar dinheiro e no final comprar tênis para meus alunos das redes municipal e estadual, vendo os que mais precisavam”, conta.

Outros dois amigos, que também dão aulas de educação física, se somaram à iniciativa. Os quatro então correram durante todo o mês de janeiro de 2018, individual- mente, totalizand­o R$ 440, que foi utilizado para comprar seis calçados, distribuíd­os para alunos carentes de escolas municipais no conjunto João Paz (zona norte) e no Interlagos (zona leste), e para uma estadual na Vila Casoni, região central. “Postei as fotos nas redes sociais e conseguimo­s mais três pares usados, que doamos.”

A atual edição da ação solidária começou em 26 de dezembro. A equipe aumentou e conta atualmente com 12 pessoas, de outras profissões, rotinas e tipos físicos. “Postei vídeo no Facebook convidando amigos e surgiram pessoas interessad­as que não conhecia”, anima-se. Para facilitar a comunicaçã­o, um grupo no aplicativo de troca de mensagens WhatsApp foi criado. É neste ambiente virtual que é postado diariament­e o quanto foi percorrido por cada um, para que, no final do proposto, em 31 janeiro, seja feita a somatória.

A proposta não delimita quilometra­gem mínima ou máxima e se o percurso precisa se feito caminhando ou correndo. “Não tem tem regra em participaç­ão para não ficar limitando. Para este ano teve uma outra ideia, que são os apoiadores. Tem gente que quer ajudar, mas não quer correr. Então sugerimos que aqueles que quisessem fazer assim escolhesse­m alguém para apoiar. Se escolheu me apoiar, por exemplo, a quilometra­gem que correr ela também vai ajudar. Tenho dois apoiadores”, relata.

REALIDADE

Josely Costa ficou sabendo da iniciativa em novembro, após um dos participan­tes comentar sobre o assunto na escola onde atua. “Foi de maneira informal, mas fiquei curiosa. O Luciano, que não conheço pessoalmen­te, postou o vídeo e este amigo professor me marcou e já entrei em contato para saber como poderia participar”, relembra a professora, que tem corrido a semana toda, pelo menos quatro quilômetro­s por dia. “A questão da compra do tênis se tornou uma motivação maior que precisava, pois costumava correr”, valoriza.

Segundo ela, a realidade de muitas crianças e adolescent­es de escolas públicas é difícil, com alunos não tendo tênis para as aulas práticas de educação física. “Tem estudante que faz a aula descalço, no sol quente, ou quando tem tira o calçado, pois é o único. Isto não é bom, até porque se ele for participar de competição, não pode ser descalço. O tênis é importante não somente pela saúde, mas igualdade. Várias vezes doei tênis meu, do meu esposo ou de amigos. Esta ação é grandiosa e estou tendo o prazer de participar”, destaca.

‘ARTIGO DE LUXO’ Integrando o desafio solidário desde seu surgimento, Murilo Porto Silva não tem deixando de lado a proposta mesmo machucado. “Sofri uma lesão no adutor da coxa, mas mesmo assim tenho buscando fazer minha parte para ajudar. O legal é que conseguimo­s mais pessoas para este ano e como consequênc­ia teremos mais tênis. Temos pessoas que estão correndo 20 quilômetro­s, outros cinco, seis. Cada um faz o que pode”, ressalta o docente na rede municipal e estadual.

Os tênis adquiridos com o valor total arrecado serão distribuíd­os após o início do ano letivo, quando diretores conhecidos pelo grupo vão ser procurados para ajudar na escolha dos alunos. Além disso, a ação se tornou uma forma de incentivar a prática de exercícios para uma vida saudável. “Vivemos um momento em que as escolas estão sendo bombardead­as por um monte de informaçõe­s de gente de fora da realidade escolar. Muitas crianças, nas escolas públicas, especialme­nte nas periferias, deixam de ser assistidas pelas famílias no seu básico. A criança, às vezes, só tem a casa e as roupas do corpo, quando tem, e o tênis acaba virando artigo de luxo”, reflete Luciano Pizi.

Quem quiser obter mais informaçõe­s sobre a ação ou ajudar pode entrar em contato pelo telefone (43) 99920-9646.

 ?? Marcos Zanutto ?? A ação solidária começou em 26 de dezembro e segue até 31 de janeiro: além dos corredores, grupo aceita apoiadores
Marcos Zanutto A ação solidária começou em 26 de dezembro e segue até 31 de janeiro: além dos corredores, grupo aceita apoiadores

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