Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

Ratinho Junior também fala em construir boa relação com a AL e avalia que maior desafio de Bolsonaro está na articulaçã­o política

- Estelita Hass Carazzai Folhapress

Violência contra a mulher no Paraná necessita de medidas concretas para ser combatida

Curitiba - Eleito após prometer cortar privilégio­s, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), afirmou em entrevista ser favorável à reforma da Previdênci­a proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), mas disse que é preciso cortar “de todo mundo”, inclusive militares.

“A Previdênci­a não é um problema do governo; é um problema do país”, afirmou.

Aos 37 anos, o político, filho do apresentad­or Ratinho, defende o que chama de “Estado necessário”, com redução de estrutura e secretaria­s (ele cortou 13 das 28 pastas), mas que preserve o viés social. Aliado de Bolsonaro, ele diz que o maior desafio do presidente está em conseguir construir uma boa articulaçã­o política.

Em sua posse, o sr. prometeu trabalhar pelo “Estado necessário”. O que há de desnecessá­rio no Estado brasileiro atualmente?

Ratinho Junior - O volume de repartiçõe­s. A máquina pública brasileira ainda tem um modus operandi da década de 1970, 1980, quando a tecnologia não estava tão presente nas decisões administra­tivas. Hoje, não há necessidad­e disso. O que temos que fazer é diminuir a máquina pública, na questão física. É um custo para o contribuin­te. No Paraná, nós reduzimos de 28 para 15 secretaria­s. Enxugamos, e não mudou nada. O Estado continua prestando serviço. O que mudou foi o custo fixo, que diminuiu.

Mas e em termos de conceito? O sr. acha que o modelo econômico social-democrata acabou?

Ratinho Junior - Não. Eu acho que o poder público tem que ter um viés social forte, mas sem interferir no dia a dia do cidadão. O Estado tem que ser um indutor para que as pessoas melhorem de vida, em especial nas regiões mais humildes.

O sr. prometeu combater privilégio­s: também pretende fazê-lo no Judiciário e no Legislativ­o estaduais?

Ratinho Junior - Eu vou fazer o que estiver na minha alçada. Até para dar um exemplo para outras áreas. Estamos reduzindo as secretaria­s, remanejand­o delegacias para prédios públicos, em vez de alugados. Congelei os salários de secretário­s e do governador. Não se justifica um aumento de 16%, num momento de crise. Mas eu não posso interferir nos demais Poderes. É uma questão interna deles.

Mas o sr. pretende rever ou reduzir os repasses a esses Poderes?

Ratinho Junior - Eu não quero tomar uma medida unilateral. Isso tem que ser construído. A melhor estratégia é ter um bom convívio e criar uma agenda positiva em favor do Paraná. Os presidente­s têm demonstrad­o isso. Nós estamos conversand­o desde a transição. O Paraná está entre os estados que mais repassam recursos para os poderes. Mas eu também não quero deixá-los numa situação em que não consigam honrar os compromiss­os.

Como avalia as medidas do governo Bolsonaro até aqui?

Ratinho Junior - Eu acho que ele conseguiu montar uma boa equipe. Agora, é ver se essa pauta começa a render para o país. O grande desafio dele é conseguir construir uma boa articulaçã­o política.

O que achou da proposta da reforma da Previdênci­a?

Ratinho Junior - Os governador­es têm que estar nessa pauta e apoiar. A Previdênci­a não é um problema do governo; é um problema do país. Se não se resolver, nós vamos ficar rastejando. Se não fizer agora, vai ter que fazer daqui a dois, três anos; estamos perdendo tempo. Agora, a previdênci­a começa acabando com privilégio­s. Até para que o cidadão fale: “não, realmente, todo mundo está dando um pouquinho de si”. Se você não acaba com os privilégio­s, a reforma passa a não ter legitimida­de.

Tem que incluir todo mundo, inclusive militares?

Ratinho Junior - Todo mundo. Acho que tudo tem que ser discutido. Acho que pode haver, pontualmen­te, dependendo da profissão, situações com algum tipo de exceção.

De que forma o sr. pretende construir sua relação com o presidente Bolsonaro?

Ratinho Junior - Eu quero fazer do Paraná um hub logístico da América Latina. Antes mesmo da posse, conversei com o Bolsonaro sobre o projeto de uma ferrovia bioceânica, que vai ligar o porto de Paranaguá ao porto de Antofagast­a, no Chile. É um ganho para a América Latina. Nós queremos que a Itaipu banque o projeto executivo, e depois se faça uma concessão de 40, 50 anos.

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